domingo, 16 de abril de 2017

CATÁLOGO: A Praia

DiCaprio: desastre no paraíso. 

O livro A Praia fez de Alex Garland um dos escritores mais celebrados do finalzinho do século XX. Lançado em 1999, público e crítica ficaram impressionados na forma como o escritor escrevia em ritmo de música eletrônica e citava a narrativa de games em seu estilo. Era algo considerado tão envolvente e inovador que os direitos para o cinema logo foram disputados. Ao ser anunciado que Danny Boyle seria o responsável por levar a história para o cinema houve uma festinha entre os fãs do escritor! Embora o diretor de Trainspotting (1996) houvesse tropeçado em seu filme anterior (Por Uma Vida Menos Ordinária/1997, que marcou sua estreia em Hollywood), A Praia era tudo o que ele precisava para se redimir perante os fãs. Ajudava muito o fato de Leonardo DiCaprio, o astro do primeiro sucesso bilionário do cinema, no caso Titanic/1997, ter topado entrar no projeto e ter rendido toneladas de publicidade para o filme - já que era o seu primeiro projeto após ter se tornado febre mundial. No entanto, as confusões começaram já nas filmagens, quando o filme foi criticado pelo impacto ambiental causado pela produção, especialmente com relação às mudanças na natureza local para ficar mais adequada ao que era citado no livro. Isso era só o começo. Bastaram sair as primeiras resenhas para se colocar em dúvida se os melhores dias de Boyle haviam ficado para trás. O filme começa bem, mas justamente quando o filme cresce em sua tensão, ele opta por caminhos que o tornam bastante irregular, some isso ao impacto de DiCaprio fazendo um papel bem diferente do galã cultuado pelas jovens fãs (que ficaram surpresas como o uso de drogas no filme... parece que elas não faziam a mínima ideia dos filmes que ele fez antes de se tornar astro mundial). O resultado foi uma bilheteria pouco empolgante e críticas mornas. No filme, DiCaprio vive Richard, um mochileiro que procurar novas experiências na Tailândia e, graças a um doido (Robert Carlyle) e um casal de franceses (Guillaume Canet e Virginie Ledoyen), descobre uma praia paradisíaca. A tal praia fica numa ilha, escondida da civilização que serve para um grupo de traficantes plantarem maconha. É fugindo dos traficantes que o protagonista e o casal de amigos descobrem a comunidade meio hippie que vive na tal praia. Dentro daqueles limites, tudo parece um paraíso, que depende muito da liderança de Sal (Tilda Swinton) - que com suas regras rígidas começará a enfrentar alguns problemas no grupo após a chegada dos novos membros. Aos poucos o que era um lugar idílico torna-se cada vez mais infernal para os personagens, gerando desentendimentos, violência e mortes. Se antes o diretor sabia exatamente o que fazer com esses ingredientes (basta ver sua estreia em Cova Rasa/1994), aqui ele erra a mão e cai no ridículo algumas vezes (a pior é a parte em que Richard parece um personagem de Video Game chapado), além disso, um Leonardo DiCaprio descontrolado não ajuda muito na tarefa de nos vender as ideias mais birutas do roteiro. Embora o livro seja interessantíssimo e renda um filme com cenários naturais deslumbrantes (valorizados pela belíssima fotografia), o resultado é apenas assistível, tanto que considero este o pior filme de Danny Boyle,. Porém, devo admitir, que mesmo quando Boyle erra o resultado consegue ser mais interessante que muita porcaria que chega aos nossos cinemas toda semana. O melhor é que o filme inaugurou uma parceria que renderia frutos mais suculentos entre Boyle e Alex Garland (Extermínio/2002 e Sunshine/2007), além disso, Garland se aproximou cada vez mais do cinema - já prepara seu segundo filme na direção (o aguardado Anihilation com Natalie Portman e Oscar Isaac)

A Praia (The Beach/EUA-Reino Unido) de Danny Boyle com Leonardo DiCaprio, Tilda Swinton, Virginie Ledoyen, Guillaume Canet e Robert Carlyle. ☻☻

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