Anya: gosto por filmes estranhos.
De vez em quando o cinema nos presenteia com uma jovem atriz chama atenção em qualquer coisa que apareça o seu nome. No momento é Anya Taylor-Joy que ocupa este espaço no meu caderno de anotações. A atriz de 20 anos chamou atenção do mundo inteiro em A Bruxa/2016 e recentemente colheu mais elogios por sua performance no sucesso Fragmentado/2017 de M. Night Shyamalan. Entre um e outro a atriz fez este Morgan. O filme marca a estreia de Luke Scott (filho de Ridley) na direção e tem na atuação de Anya o seu maior atrativo. Ela vive Morgan, o fruto de uma experiência genética, um ser criado em laboratório que demonstra sair do controle. Punida por seu comportamento agressivo, ela vive dentro de um cubículo onde passa a ser estudada, testada e avaliada por diversos profissionais. O foco da pesquisa é justamente como Morgan lida com os sentimentos. Embora pareça uma adolescente, Morgan tem apenas três anos e o resultado de ser fruto de uma experiência parece lhe gerar uma grande confusão. Sem pais ou amigos, seu conflito interno é crescente - principalmente com a chegada de Lee Weathers (Kate Mara), uma funcionária do laboratório responsável que decidirá se vale a apena continuar os testes com a "criatura". Embora conte com elenco conhecido (Jennifer Jason Leigh, Michelle Yeoh, Paul Giamatti, Toby Jones...) o destaque fica mesmo por conta de Anya no papel da protagonista. Ela impressiona na primeira parte do filme, onde torna palpável os conflitos da personagem (e torna a identificação da plateia inevitável) - por outro lado, Kate Mara (visivelmente incomodada com o corte de cabelo) passa o filme todo com o carisma de um cubo de gelo, o que cria um problema torcer por ela como heroína. Este é apenas um dos problemas do filme, já que a inexperiência de Luke fica clara em vários momentos - principalmente na guinada trash que o filme recebe em sua segunda parte. Nesta virada ele joga fora todos os dilemas éticos dos personagens deixar tudo mais movimentado, morno e previsível. Há também o problema do filme achar que há um "grande segredo" a ser revelado no final - os espectadores mais espertos vão descobrir antes da metade.Se formos comparar o longa com outros filmes recentes, também não ajuda a semelhança com o bom Splice/2009 de Vincenzo Natali e o excelente Ex-Machina/2015 de Alex Garland (com este então tem momentos gritantes). Na comparação, Morgan é o que resulta mais fraco, no entanto, tem o mesmo trunfo dos outros dois: uma atriz talentosa no centro da narrativa.
Morgan (EUA-2016) de Luke Scott com Anya Taylor-Joy, Kate Mara, Rose Leslie, Jennifer Jason Leigh, Toby Jones, Paul Giamatti, Michelle Yeoh, Boyd Holbrook e Brian Cox. ☻☻
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