Kroll, Scott e Jenny: triângulo amoroso.
De vez em quando um filme utiliza do humor politicamente incorreto para fazer rir e provocar a audiência. Meu Irmão Cego é um desses casos, afinal conta a história de Bill (Nick Kroll) que vive à sombra do irmão cego, Robbie (Adam Scott) - famoso na cidade por participar de maratonas. Para participar do esporte, ele precisa da ajuda do irmão Bill, que parece ter se acostumado não apenas a auxiliar o irmão, mas a ficar sempre um tanto invisível. Robbie é mais bonito, mais articulado e extrovertido, enquanto o irmão é mais calado, introspectivo e com a vida estagnada. Em seu primeiro longa metragem, a diretora Sophie Goodhart adapta seu curta metragem de estreia e prefere deixar nas entrelinhas os prós e contras dessa relação de dependência entre eles, mas deixa claro que Bill se acomodou em estar sempre disponível ao irmão (quase uma desculpa para não ajeitar a própria vida), mas agora, Bill mostra-se desconfortável e com vontade de mudar. O motivo para eu assistir ao filme foi menos essa dinâmica entre a dupla e mais a presença de Jenny Slate, a atriz revelada em Entre Risos e Lágrimas/2014, dona de uma voz peculiar e um talento que promete ganhar cada vez mais espaço. Ela vive Rose, a mulher pelo qual Bill se apaixona, mas que, por um arranjo cômico do destino (ou do roteiro) acaba se tornando namorada de Bill. Trata-se mesmo de uma comédia romântica apoiada sobre um triângulo cômico que toca em alguns assuntos que podem incomodar, por mais que a trama não queria ser ofensiva. O primeiro deles é a postura arrogante de Robbie em alguns momentos (mas quem disse que por não enxergar o personagem deveria ser simpático?) o segundo é a passividade de Bill que beira a irritação de quem assiste (e nem vou mencionar a forma caricata com que os pais da dupla são apresentados). O maior problema do filme é que ainda ainda que seja curto (80 minutos), ele deixa a impressão de que a história foi esticada mais do que deveria. Conforme o filme se desenvolve, os personagens buscam um equilíbrio para a relação fraterna entre eles, tendo alguns momentos tensos e outros cômicos (a cena do sofá é antológica pelo misto de sensações que provoca na plateia)Para servir de ponto de equilíbrio tem a confusa Rose (outra que também vê na caridade uma forma de não pensar em seus próprios problemas) que sempre parece mais confortável quando está ao lado de Bill. Falando em Jenny Slate (que além de atriz é dubladora requisitada), ela está em cinco produções deste ano e promete ficar cada vez mais conhecida pelo carisma e, claro, pela voz bastante particular.
Meu Irmão Cego (My Blind Brother/EUA-2016) de Sophie Goodhart com Nick Kroll, Adam Scott, Jenny Slate e Greg Violand. ☻☻
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