Pobres criaturas que são subjugadas ao seu criador. Essa pode ser a constatação de quem assiste qualquer filme onde o homem brinca de ser Deus e dá origem à sua própria imagem e semelhança com base na ciência. No entanto, assim como o homem tem lá os seus conflitos com sua própria criação, nada mais justo que suas criaturas tenham as mesmas sensações - com a vantagem de poder estar diante frente a frente com o seu criador. Desta premissa cheia de possibilidades, o cinema está cheio de personagens que resolveram discutir a relação com seu fabricante. Nesse combo destaca cinco criaturas que renderam atuações dignas de nota:
05 Morgan (2016) O filme mais recente da lista está longe de ser perfeito, mas tem sua protagonista defendida com gosto por Anya Taylor-Joy. A personagem foi criada em laboratório e com três anos de idade (e imagem de adolescente) começa a entrar em conflito com suas próprias emoções e se torna cada vez mais violenta - ou será que ela foi concebida para ser violenta mesmo? Luke Scott, filho de Ridley Scott demonstra aqui que tem um interesse em comum com o seu pai: criaturas rebeldes que se voltam contra seus criadores (algo recorrente nas ficções científicas dirigidas por Ridley).
04 Splice (2011) O filme de Vicenzo Natali é cheio de reflexões sobre a ética envolvida na criação de outra forma de vida - e consegue ser surpreendente pelos caminhos que segue a relação entre os criadores (Adrien Brody e Sarah Polley) com Dren (Delphine Chanéac). Criada em segredo ninguém parece saber lidar muito bem com a criatura quando ela começa a parecer mais nervosa do que deveria ser. O relacionamento que parecia o de uma família incomum, começa a ruir e seguir caminhos cada vez mais polêmicos até que... o diretor esquece tudo que o filme tem de mais interessante e se rende ao terror mais B possível!
03 Ex-Machina (2015) robôs e androides devem ser as criações mais utilizadas pelo cinemas, mas nenhuma delas teve sua inteligência artificial tão elaborada quanto a humanóide Ava (Alicia Vikander). Aparentemente inocente, ela dá a entender que não está mais satisfeita em viver no laboratório subjugada ao seu criador e um rapaz responsável por testar... o que mesmo? O escritor Alex Garland estreou na direção em grande estilo após escrever roteiros para Dany Boyle - e conseguiu aqui sua primeira indicação ao Oscar de roteiro original. Mas o filme levou para casa foi o Oscar de melhores efeitos especiais.
02 Blade Runner (1982) Fisicamente idênticos aos seres humanos, o maior problema dos replicantes é o tempo de sobrevivência curto demais para todo o potencial que possuem. Depois que um grupo cansou de trabalhar no espaço e resolveu voltar para a Terra, eles passam a ser caçados numa grande metrópole pós-moderna. Assim, seres como Roy (Rutger Hauer) querem encontrar o criador e pedir para ele que os torne imortais para que possam aproveitar o mundo cada vez mais. Parece familiar? O clássico de Ridley Scott torna-se inesquecível justamente por traçar paralelos entre criadores e criaturas, tornando cada vez mais difícil diferenciar um do outro. Não é Rick Deckard?
01 Frankenstein (1931) Antes do cinema ser inventado, uma criatura já existia para se transformar em um dos mais conhecidos da história da sétima arte! Lançado em 1818, a obra da escritora Mary Shelley demonstra como o vínculo entre criador e criatura se torna algo tão delicado que ambos se confundem na vida real. Frankenstein é o nome do cientista que traz à vida um corpo já morto, mas o título ficou conhecido como nome da própria criatura. Frank já ganhou várias versões para o cinema na pele de vários atores, de Aaron Eckhart a Robert DeNiro, mas ficou imortalizado mesmo na atuação de Boris Karloff como o monstro incompreendido e perseguido neste clássico do diretor James Whale.
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