sábado, 25 de maio de 2019

10+: Cannes 2019

Todo ano Cannes serve de vitrine para todo cinéfilo escolher quais são os filmes que ele ficará de olho durante o ano. Esta é minha singela lista de prioridades do Festival:  

"A Hidden Life" de Terrence Mallick
Mallick fazia filmes esporadicamente e seus lançamentos costumavam ser aguardados ansiosamente. Depois do magistral Árvore da Vida (2011) ele lançou filmes com maior frequência e amargou críticas negativas. Agora, ele voltou à velha forma com a história real de um homem que se recusou a lutar ao lado de nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Longo, reflexivo e elogiadíssimo o filme já está cotado para o culto dos fãs mais exigentes de Mallick - o que inclui os votantes do Oscar. 

"Atlantique" de Mati Diop
A francesa Mati Diop tem descendência senegalesa e chamou atenção quando apareceu entre as fortes concorrentes do Festival. Ela pode não ter levado a Palma de Ouro para casa, mas foi celebrada com o Grande Prêmio do Júri por Atlantique, um drama sobre personagens que atravessam o oceano em busca de uma vida melhor em outro continente. Centrada em um tema bastante atual, Mati Diop demonstra bastante criatividade e se tornou uma das maiores surpresas do Festival deste ano. 


"A Vida Invisível de Eurídice Gusmão" de Karim Aïnouz
O brasileiro Aïnouz sempre foi mestre na construção de imagens marcantes. Por vezes seu estilo lhe rende críticas por se preocupar mais com a forma do que com  conteúdo, mas seus  detratores estão completamente enganados. Faz tempo que Cannes flerta com o diretor e neste ano o premiou na Mostra Un Certain Regard. A adaptação do livro de Martha Batalha sobre mulheres em busca de independência estreia por aqui em novembro e traz no elenco Carol Duarte e Fernanda Montenegro. 

"Bacurau" de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
O pernambucano Kleber Mendonça Filho tem uma das assinaturas mais marcantes do cinema brasileiro atual. A expectativa gerada com "O Som ao Redor"/2013 se confirmou com o sucesso de "Aquarius"/2016 e ganha contornos ainda mais intensos em sua crítica social presente neste Bacurau. Ganhador do prêmio especial do júri em Cannes, a simbologia de uma cidade onde matar pessoas se torna esporte, coloca o diretor novamente no posto de diretor mais provocador do nosso cinema. 

"Dor e Glória" de Pedro Almodóvar
Depois de dois filmes filmes esquecíveis, o cineasta espanhol está disposto a demonstrar que ainda pode ser considerado um dos diretores mais influentes do cinema, para isso, ele se une novamente ao  muso Antonio Banderas. Banderas (ganhador do prêmio de melhor ator em Cannes) vive um diretor que revisita o passado e reflete sobre o presente neste drama intimista. O filme ainda conta com Penélope Cruz, Leonardo Sbaraglia e Cecilia Roth  e já mira as grandes premiações do ano. 

"Jeanne" de Bruno Dumont 
O francês Bruno Dumont é um dos queridos do Festival de Cannes mas está longe de ser muito conhecido por aqui. Adepto de filmes cerebrais que costumam aborrecer muita gente, ele mudou de tom neste ano e chamou atenção pelo filme que retrata a infância de uma das figuras históricas mais populares da França, Joana D'Arc. Aclamado por um novo olhar sobre uma história tão conhecida, Dumont deve dar o que falar neste ano. 

"O Farol" de Robert Eggers
Depois de chamar atenção de todo mundo com sua estreia em A Bruxa (2015), o diretor Robert quer provar que sabe fazer muito mais neste drama de suspense ambientado em uma ilha deserta habitada somente por dois faloreiros. Os dois precisam lidar com suas diferenças, isolamento e delírios do local. Considerado o melhor filme do festival pela crítica, o filme deve aparecer nas principais premiações - que ainda devem lembrar das atuações de Willem Dafoe e Robert Pattinson. 

"Once Upon a Time in Hollywood" de Quentin Tarantino
Tarantino é amado pelo Festival de Cannes, basta lembrar que todo o furor em torno de sua carreira começou por lá com Pulp Fiction (1994) levando a Palma de Ouro. Embora muita gente considerasse que o seu novo filme giraria em torno de um dos episódios mais sombrios de Hollywood (o assassinato de Sharon Tate, vivida aqui por Margot Robbie) o filme parece ser muito mais sobre um importante período histórico para a capital do cinema. No elenco ainda estão Brad Pitt, Leo DiCaprio e Al Pacino. 

"Parasite" de Bong Joon-Ho
Considerado um dos cineastas mais inventivos do cinema atual, o coreano concorreu pela primeira vez ao prêmio máximo de Cannes em 2017 com o excelente Okja e infelizmente se viu envolvido em polêmicas lamentáveis por conta do filme ser produzido para a Netflix. Agora ele levou a Palma de Ouro para casa com este filme que demonstra o encontro de suas famílias, uma rica e outra em dificuldades, mas com resultados surpreendentes. Joon-ho se tornou o primeiro coreano a ganhar a Palma de Ouro no Festival.

"Rocketman" de Dexter Fletcher
Exibido pela primeira vez em uma das mostras paralelas de Cannes, a cinebiografia  do astro pop Elton John emocionou muita gente com sua estética colorida e doses de fantasia. Centrado nos altos e baixos de uma carreira que atravessa décadas, o filme recebeu muitos elogios e deve ter fôlego até as premiações de fim de ano (especialmente para Taron Egerton em sua nova parceria com Dexter Fletcher, mesmo diretor que assumiu a direção de Bohemian Rhapsody/2018 após a saída de Brian Singer). O filme estreia no Brasil no dia 30 de maio!

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