Emma, Florence, Saoirse e Elisa: as novas irmãs March.
Esta é a quinta versão do clássico livro de Louisa May Alcott, mas admito que só assisti aquela versão de 1994 que rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz para Winona Ryder (e eu torcia por ela). Aquela versão era dirigida pela australiana Gillian Armstrong (sempre esquecida) com a competência habitual e merece ser revisto. Agora foi a vez da americana Greta Gerwig aproveitar sua ótima fase e se aventurar por mais uma adaptação desta cultuada obra. Desta vez a tarefa de viver a protagonista Jo March ficou por conta de Saoirse Ronan (que foi indicada pela quarta vez ao Oscar). A atriz está tão confortável no papel quanto as suas irmãs Emma Watson (Meg), Elisa Scanlen (Beth) e Florence Pugh (Amy). O papel da matriarca responsável por cuidar de tudo enquanto o marido está na guerra ficou à cargo de Laura Dern e seu carisma habitual e coube a Meryl Streep fazer o papel da tia endinheirada que nesta versão está menos rabugenta e mais divertida com seu (mau) humor. A história gira em torno de Jo e seu cotidiano as irmãs, os amores, as intrigas, as briguinhas durante um período importante de amadurecimento para todas as personagens. Jo ainda tem ambição de se tornar escritora e vive em dúvida sobre seus sentimentos pelo amigo Laurie (Thimotée Chalamet repetindo a química de Lady Bird/2018). Embora estes elementos sejam caracterizados por muita gente como receita de filme de mulherzinhas (que aliás é o título do livro de Alcott no Brasil), basta assistir o filme para ver que não é bem assim, ele tem recursos para atrair qualquer um que curta bom cinema! Depois de Lady Bird, Greta realiza aqui mais um belo trabalho, principalmente por fugir da armadilha de cair em mais um filme com cara de adaptação de Jane Austen. Aqui ela dita um ritmo ágil (por vezes até demais, o que pode ter sacrificado sua indicação ao Oscar de direção neste ano) que vai e volta no tempo algumas vezes - que pode até ficar um pouco confuso no início, mas que depois funciona. Ela se sai bem ao tentar dar algum equilíbrio para as irmãs na história, mas quem se sai melhor é a excelente Florence Pugh (escrevam este nome, pessoal! Esta moça vai longe e aqui ela foi indicada ao Oscar de coadjuvante pelo papel) que tem o desafio de viver Amy na fase adolescente e na fase adulta de forma bastante convincente - ao ponto de gerar até torcida quando ela e Jo disputam o mesmo rapaz na trama (o rapaz vivido por Thimothée Chalamet), nem vou dizer para quem eu torci... Greta também faz um bom trabalho ao dar um olhar mais contemporâneo para a história, uma verdadeira ousadia diante de uma história já tão conhecida. No entanto, esta tentativa em momento algum parece forçada ou irregular, basta ver a cena em que Jo negocia com um editor sobre quanto receberia de royalties na venda de cada livro e você irá entender que Greta está realmente absorvida por aquela história sem perder o olhar do seu tempo. Se no seu filme anterior ela deixava clara a inspiração autobiográfica da história (que lhe rendeu o Oscar de roteiro original), aqui ela demonstra um pouco como deve ser uma diretora querendo fazer seus projetos na indústria hollywoodiana (não por acaso foi indicada o Oscar de Roteiro Adaptado). Equilibrando drama e romance com aquele humor delicioso que já apresentou em outros filmes, Gerwig está no caminho certo para ser um dos grande nomes da história do cinema americano.
Adoráveis Mulheres (Little Women /EUA-2019) de Greta Gerwig com Saoirse Ronan, Florence Pugh, Emma Watson, Elisa Scanlen, Laura Dern, Meryl Streep,Thimothée Chalamet, Louis Garrel e Bob Odenkirk. ☻☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário