Adam e Daisy: lutando por um filme decepcionante.
Admito que fiquei bem empolgado quando a franquia Star Wars retornou aos cinemas pelas mãos de JJ Abrams. Misturando personagens novos com os já consagrados, eu sai bastante satisfeito de O Despertar da Força (2015) e todas as possibilidades que apresentava para este universo. É verdade que havia ali uma certa receita de manual da franquia, alguns elementos reciclados e até revisitados mas a coisa funcionava. A minha empolgação baixou consideravelmente quando vi Os Últimos Jedi (2017) no cinema. Com direção de Rian Johnson, o filme cozinhava em banho maria por duas horas e, para piorar, a maior parte das trama vai do nada a lugar algum. Sorte que os minutos finais me manteve acordado numa mostra do que o filme poderia ter sido nas horas anteriores. Por isso fui um dos que pediram para JJ voltar à direção da franquia e ele manteve tanto segredo sobre A Ascensão Skywalker (2019) que eu estava animadíssimo com o filme. Não deveria. Estou procurando até agora a história do filme. Embora tenha mais ação que o anterior, existem tantos elementos para trabalhar aqui que ao final da sessão tenho a impressão que todos ficaram pelo meio do caminho. O pior deles é o que envolve a origem de Ray (Daisy Riley) que alcança um resultado emocional zero no decorrer da trama com uma saída tosca para algo que se indagava desde o primeiro filme. Nessa confusão quem se deu mal mesmo foi Kylo Ren, que de vilão promissor, foi perdendo espaço cada vez mais até Adam Driver nos fazer acreditar que a transição do personagem foi bem trabalhada nos filmes, não foi (por melhor ator que ele seja o roteiro... não ajudou muito) e para piorar tem aquele final horroroso que só expressa a preguiça de quem escreveu a trama. Sim, existem bons efeitos, cenas de batalhas épicas, mas o fator humano ficou tão de lado que não parece o desfecho de uma história, o ritmo é de um episódio supérfluo, aquele sem graça que você nem se lembra direito do que está acontecendo. Ouvi dizer que o roteiro era bem mais extenso do que aparece na tela e que sua versão em livro deixa claro como toda a história era redondinha e com sentido. Se levarmos em conta que o filme tem duas horas e vinte e dois minutos, talvez fosse mais esperto fazê-lo com três horas e ter algum sentido. Embora o estúdio tenha se virado para dar conta deste desfecho sem Carrie Fischer (que volta em formato efeito especial como a princesa Léa), não espere que o filme dê conta de fechar as histórias de Finn (John Boyega), Poe (Oscar Isaac) ou Rose (Kelly Marie Tran que viu seu personagem virar pó sabe-se lá o motivo). Esta carência de cuidado com os personagens afeta até o arremate do General Hux (Domhnall Gleeson) que mostra-se apressado e sem graça. Não se pode pegar uma franquia como Star Wars que já passou por maus bocados e fazer uma coisa dessas após sua recuperada no prestígio. A Ascensão Skywalker beira o sacrilégio e por isso mesmo decepciona por jogar pelo ralo todas as possibilidades que o próprio JJ sugeriu.
Star Wars - A Ascensão Skywalker () de JJ Abrams com Daisy Ridley, Adam Driver, Oscar Isaac, John Boyega, Mark Hamill, Carrie Fisher, Anthony Daniels, Richard E. Grant, Donhnall Gleeson e Kelly Marie Tran. ☻☻
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