segunda-feira, 26 de abril de 2021

GANHADORES DO OSCAR 2021

O time Nomadland: mais prêmios para a coleção de 227!

Acho que a Academia soube como vencer o desafio de inovar perante os tempos de pandemia e a crise de audiência. A cerimonia foi rápida e dinâmica, ainda que não mantido o embalo da ótima introdução realizada por Regina King (que foi espetacular)! No entanto, o tom descontraído e nada engessado cumpriu o seu papel de entreter e celebrar o papel do cinema em um ano tão conturbado. Achei legal as curiosidades sobre os indicados quando eram apresentados, mas senti falta dos trechos do filme que dão um gostinho especial à cerimonia. Óbvio que aconteceram surpresas e elas acabaram estragando meu volume de acertos neste ano (embora não tenha desgostado delas). A seguir os ganhadores, meus acertos (☻) e meus breves comentários sobre o que aconteceu na noite de ontem em Los Angeles: 

Melhor Filme: “Nomadland” 
Eu não levava fé que o filme levaria o prêmio máximo da noite (que não foi o último prêmio da festa e causou estranhamento em nome da audiência curiosa para saber quem seriam a melhor atriz e melhor ator da edição). Apesar dos mais de 200 prêmios internacionais, o selo da Academia demonstra que o Oscar soube se renovar nos últimos anos. 

Melhor Direção: Chloé Zhao — "Nomadland" 
Acho que não havia dúvida que que Chloé levaria o prêmio. Ela estava animadíssima e vibrava ao ver seu estilo de cinema quase documental ser reconhecido na maior premiação do cinema americano. Com isso ela fez história ao se tornar a segunda mulher  a ser reconhecida na categoria em 93 anos de premiação. Além disso é a primeira não americana a ser premiada como cineasta no primeiro ano em que duas mulheres concorriam - a parceira de recorde foi a inglesa Emerald Fennell (Bela Vingança) 

Frances acabou de empatar com Meryl Streep e ter sua terceira estatueta de atuação na estante (e mais uma de brinde pela produção do filme). Seu trabalho como a nômade contemporânea Fern ganhou força na reta final (o BAFTA que o diga) e se destacou por colocar a atriz em meio aos personagens reais e desaparecendo em sua interpretação. Não foi desta vez que Carey Mulligan (que ganhou o Critics Choice), Viola Davis (que ganhou o prêmio do sindicato), Andra Day (que levou o Globo de Ouro de atriz dramática) e Vanessa Kirby (melhor atriz no Festival de Veneza) levaram (mas em breve estarão de volta na categoria, mas dificilmente num páreo tão imprevisível).

Olha o BAFTA aí de novo! Impossível não celebrar o segundo Oscar da carreira de Hopkins! Ele está arrasador como o senhor que começa a lidar com a senilidade numa narrativa imersiva e envolvente. Chadwick que levou quase tudo na temporada de ouro acabou perdendo seu prêmio póstumo - o que estragou o clímax da cerimonia - que deixou o prêmio para o final contando com o discurso emocionado da esposa de Chadwick para fechar a noite... não rolou e para piorar, Hopkins nem foi na cerimonia deixando o final aligeirado e sem graça. 

Melhor ator coadjuvante: Daniel Kaluuya (“Judas e o Messias Negro”)  
Surpresa para ninguém! Daniel estava arrasador em sua performance como Fred Hampton e fez um dos discursos mais imprevisíveis da noite (a mãe dele que o diga).

Melhor atriz coadjuvante: Yuh Jung Youn (“Minari”) 
Outro momento histórico! A vovó de Minari se tornou a dona da primeira interpretação de origem oriental a levar o Oscar para casa. O trabalho sensível e o discurso bem humorado da veterana do cinema sul coreano selaram a certeza de que a estatueta foram para as mãos certas.  

Melhor roteiro original: "Bela Vingança" 
Emerald Fennell promete fazer barulho nos próximos anos! A única mulher do páreo desbancou o Aaron Sorkin comprovando as especulações crescentes perante a popularidade do filme no exterior. Foi o único prêmio do filme, mas foi bom demais na abertura da cerimonia!

Melhor roteiro adaptado: "Meu Pai" 
O filme era meu favorito na categoria principal, mas suas chances eram pequenas, portanto o prêmio de roteiro para o também roteirista Florian Zeller (ao lado do bamba Christopher Hampton) foi um reconhecimento mais que desejado.  Omas fi

Melhor filme em língua estrangeira: “Druk - Mais Uma Rodada” (Dinamarca) 
Não bastasse ganhar a estatueta, Thomas Vinterberg ainda fez o discurso mais emocionado da noite ao lembrar da morte da filha em um acidente quando a produção começava a ser realizada. Radiante com a também indicação a melhor diretor, o prêmio confirma mais uma vez a qualidade  do cinema dinamarquês. 

Melhor Animação: “Soul” 
Surpresa zero. Muita gente considerava que o filme poderia ter figurado na categoria principal e também em roteiro original (o que faria justiça ao trabalho de Kemp Powers que enquanto co-diretor nem foi indicado ao prêmio).

Melhor curta de animação: "If anything happens I love you" 
Em um ano duro como 2020 a vitória do curta da Netflix era quase inevitável. Sua narrativa de traços simples e muita sensibilidade na abordagem do luto geraram aplausos acalorados da plateia. 

Melhor curta-metragem em live action: "Dois Estranhos"
Olha a Netflix aí de novo. Não imaginei a goleada do streaming em duas categorias de curtas, mas aconteceu. Imaginei que a presença de Oscar Isaac influenciaria na votação de The Letter Room, mas o filme com uma trama atual fez bonito. 

Melhor documentário de curta-metragem: "Colette"
O filme de Anthnoy Giacchino derrotou os favoritos da categoria com a história da ex-membro da Resistência Francesa Colette Marin-Catherine em sua viagem à Alemanha pela primeira vez em 74 anos e sua visita ao campo de concentração de Mittelbau-Dora, onde seu irmão morreu nas mãos dos nazistas. Cara total de Oscar e fez história ao dar o prêmio pela primeira vez a um estúdio de videogame. 

Melhor documentário: "O Professor Polvo" 
Quando assisti ao documentário em cartaz na Netflix, eu nunca imaginei que ele ganharia o Oscar. Dissonante entre os outros concorrentes, a história de um mergulhador e seu amigo polvo ganhou força nos últimos meses, desbancando os favoritos Collective e Time

Melhor Trilha Sonora: “Soul” 
Trent Reznor e Atticus Ross já tinham um Oscar na estante por A Rede Social e quem diria que os parceiros de Nine Inch Nails levariam o prêmio por uma animação? Favoritos da categoria (e também indicados pela trilha de Mank), a dupla deixou o discurso por conta de Jon Batiste, que não apenas foi parceiro na trilha e dono das mãos utilizados pelo protagonista ao piano na animação.  

Melhor som: "O Som do Silêncio" ☻ 
Surpresa nenhuma na junção das categorias de edição de som e mixagem de som, o filme de Darius Marder foi feito para esta categoria ao retratar a perda de audição de seu protagonista em uma jornada sensorial junto à plateia. 

Categoria acirrada nessa edição, a premiação gerou surpresa, mas não descontentamento. Foi justo e confirma a boa fase da jovem artista.  Coitado de Uma Noite em Miami que ficou sem nada... 

Melhor figurino: "A Voz Suprema do Blues"
Eu imaginei que os figurinos de "Emma" poderiam surpreender, mas foi para o favorito da categoria mesmo. Ponto perdido na pirraça...
 
Maquiagem e cabelo: "A Voz Suprema do Blues" 
Esperado e merecido, muito por mérito de Viola Davis que pediu para não terem pudores de alterarem a sua imagem no filme. Uma Diva!

Efeitos visuais: "Tenet" 
O pior filme de Christopher Nolan ganhou o que dava pelo seu efeito rewind nas cenas de ação.

Melhor fotografia: "Mank"
Apesar de não ter empolgado, o filme de David Fincher foi o mais indicado da noite com dez categorias e  ganhou a que talvez rendeu o trabalho mais complicado da produção em preto e branco. Desbancou até o favorito de Nomadland. 

Melhor edição: "O Som do Silêncio" 
Fiquei surpreso com o prêmio! Mas bastante feliz de ver o filme levar duas estatuetas para casa. Estou bem curioso para ver o próximo filme de Darius Marder!

Melhor design de produção: "Mank" 
Eu torcia para Meu Pai, mas indo para Mank é bastante justo. Os detalhes dos cenários realmente chamam a atenção e se torna um dos seus maiores trunfos. De dez indicações, levou duas... mas com sete estatuetas na noite, a Netflix deve ter ficado um pouco desapontada, mas quebrou de vez a barreira junto à Academia. 

Placar: 
"Meu Pai" - 2 
"O som do Silêncio" - 2
"Minari" - 1
"Tenet" - 1
“Druk" - 1

Meus Palpites: 16 acertos / 07 erros
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Ano passado o blog estava inativo e não fiz apostas. 
Mas o resultado deste ano é bem melhor do que o fiasco de 2019 (acertei 11).
Bora começar as especulações para o ano que vem...

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