Albert e Victória: Feitos um para o outro num romance de época.
A história da rainha do Reino Unido Victória foi contada pela última vez nos cinemas na pele de Judy Dench no fim da vida da monarca. O filme de Jean Marc Vallée resolve contar o início de sua coroação, um ponto de vista promissor, já que Victória foi coroada aos 18 anos após o falecimento de seu tio Rei William (Jim Broadbent, num tom bem mais agressivo a que estamos acostumados). Esta jovem Vitória é vivida por Emily Blunt que foi até indicada ao Globo de Ouro pela atuação. Ela tenta se impor aos interesses políticos da época, se dividindo entre os planos da mãe (Miranda Richardson, sempre confiável) e o amante ambicioso desta (Mark Strong).Vitória ainda é auxiliada por um democrata tão galante como manipulador chamado Lorde Melbourne (Paul Bettany), o que acaba atrapalhando a promessa de romance com o contido Príncipe Albert (Rupert Friend, mais emocional do que de costume). Estes personagens são as peças da narrativa calcada no roteiro de Julian Fellowes (premiado pelo roteiro de Gosford Park/2000), pena que sua intenção seja mais construir um romance açucarado do que qualquer outra coisa. Tudo no filme é bem feito, a direção de arte é bem cuidada, os figurinos ganharam o Oscar, a fotografia é caprichada... mas toda a trama é tratada com tanta leveza que fica difícil imaginar porque o reinado de Vitória foi tão significativo para o seu país. Expansionismo britânico? Revolução Industrial? Nada disso, o que importa é que Victória foi a primeira mulher a realeza a escolher com quem se casaria! Embora tenha uma intriga política aqui e outra ali, elas nunca são aprofundadas e acabam servindo de pedra no caminho quando o filme quer se render ao romance pudico entre Albert e a soberana. Apesar do esforço de toda produção o filme não decola e o final é um dos mais mornos dos últimos tempos. Há de se parabenizar o elenco, mas devo admitir que tenho minhas ressalvas com relação à Emily Blunt. Quando ela apareceu para o mundo como a secretária enfezada de O Diabo Veste Prada (2006) todos se deliciaram com sua atuação, mas passado alguns anos a moça merece relaxar na tela. Blunt tem talento, mas sempre está fazendo tipos que parecem carregar todo o peso do mundo nas costas. Este aspecto pode cair bem em Vitória, mas deixa a impressão que Blunt é atriz de um tipo só. A atriz parece personificar ambiguidade do filme com perfeição: está densa demais para ser uma heroína romântica de folhetim. Tenho a impressão que sua Rainha Victória era personagem de outro filme.
A Jovem Rainha Vitória (The Young Victoria/EUA-Inglaterra/2009) de Jean Marc Vallée com Emily Blunt, Rupert Friend, Paul Bettany, Miranda Richardson, Mark Strong e Jim Broadbent. ☻☻☻
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