Kristin e Aaron: maiores trunfos na versão adolescente de Lennon.
Penso que Aaron Johnson tem se empenhado em se tornar o astro adolescente mais cool da atualidade (ele completa 21 anos mês que vem). Como se não bastasse ter encarnado o Kick-Ass em pessoa no ano passado, chegou mais tarde aos cinemas outro filme do rapaz com apelo pop inegável. Em O Garoto de Liverpool o rapaz encarna ninguém menos do que John Lennon nos primórdios de sua paixão pela música. Obviamente que o apelo do vocalista dos Beatles é irresitível, seja quando a história lida diretamente com a sua banda (Os Cinco Rapazes de Liverpool de 1994) ou quando arranha em sua história (Capítulo 27 de 2007), isso para não mencionar os filmes estrelados pelo quarteto. Johnson pode não parecer fisicamente com Lennon (olhos azuis? lábios carnudos? bíceps inchadinhos?), mas sua escolha para o papel mostra-se um dos acertos deste filme de Sam Taylor Wood (ao contrário do que parece trata-se de uma mulher e que engatou um relacionamento com Aaron, com quem hoje tem uma filha. Mesmo sendo 23 anos mais velha que o mocinho). O outro acerto (e este de proporções descomunais) foi a escalação de Kristin Scott Thomas para ser a tia controladora do Beatle. Menos do que uma biografia, o filme procura especular as influências que John sofreu para compor a sua persona artística. Logo de início sabemos que foi criado entre a alegria do tio e o controle da Tia Mimi (Kristin) e Wood tem uma capacidade incrível em desvendar essa relação dentro de casa em poucas cenas, já que o tio falece e temos a dimensão exata da educação britanicamente controladora que Mimi obteve e que procura proporcionar ao sobrinho. É nesse período em que a alegria do lar se vai com o tio que Lennon aprofunda o relacionamento com a mãe (Anne Marie Duff). Sua mãe é mostrada como a grande influência para que John canalizasse sua irreverência e ousadia para a música (tanto que a primeira música que Lennon canta foi escrita por ela). Paralela a esta camada familiar o filme conta o início dos Beatles, do momento em que o jovem protagonista percebe que não é um músico tão bom e começa a ter influências da amizade com o jovem Paul McCartney (Thomas Brodie-Sangster que apareceu em Brilho de Uma Paixão e se mostra um ator bem confiável) que se apresenta como um ponto de equilíbrio para o momento de transformação que o rapaz atravessa. O Garoto de Liverpool poderia ser um filme brilhante se mostrasse maior vigor no equilíbrio entre essas inflluências sobre Lennon, mas o resultado consegue ser apenas simpático. Estão lá a resistência aos óculos, a admiração a um ídolo (Elvis Presley), os namoros, as travessuras (como surfar num ônibus), as briguinhas... tudo capaz de causar identificação na platéria teen, mas parece pouco. As atuações são bacanas (Kristin chegou a estar cotada como coadjuvante nas premiações e o filme quase entrou nos indicados ao Globo de Ouro de comédia/musical), a trilha sonora é bacana e conseguimos ter alguma noção (já que o filme possui muitas fantasias) sobre a pouco falada adolescência de Lennon, mas falta força. Seja como for, o filme cumpre menos do que promete, mas ainda assim consegue ser interessante, principalmente pelas atuações da veterana Kristin e do novato Aaron que procuram dar vida própria ao filme. Obviamente que os fãs vão repudiar (apesar do filme ser baseado nas memórias da mãe de Lennon), os mais xiitas estavam doidos para ver uma história que estavam cansados de conhecer, mas ainda assim, o filme merece uma olhada.
O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy/Inglaterra-2010) de Sam Taylor Wood com Aaron Johnson, Kristin Scott Thomas, Anne Marie Duff, Thomas Brodie-Sangster e David Morrissey. ☻☻☻
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