Já está em cartaz nos cinemas do Brasil o drama Rabbit Hole, ou melhor Reencontrando a Felicidade (outro nome vergonhoso!) que colocou Nicole Kidman novamente no páreo das premiações após anos de desprezo. Sei de todas as críticas que Nicole recebeu por conta de seu uso de botox, mas sempre considerei que a loura se empenhou a fazer filmes interessantes, pena que nenhum deles fizeram sucesso desde que ganhou o Oscar por As Horas. Depois de viver Virginia Woolf uma maldição parece ter caído sobre Nic, nenhum de seus filmes alcançou sucesso de bilheteria (nem Rabbit Hole, que custou cerca de 5 milhões e não arrecadou nem 3 milhões), mas sinceramente eu não fico medindo a qualidade de filmes pelos dólares que rendem aos seus produtores. Acho que esse também é o lema de Kidman e por isso lhe dedico esta singela homenagem aos filmes que estrelou nos últimos anos:
Cold Mountain: indicada ao Globo de Ouro
Os ambiciosos: Depois do Oscar Nicole Kidman foi convidada para projetos ambiciosos que almejavam concorrer aos maiores prêmios do cinema. Infelizmente não foi bem assim, Cold Mountain (2003) por exemplo era o favorito ao Globo de Ouro e esperava fazer bonito no Oscar, mas teve que se contentar em ver os maiores elogios indo para Renée Zellwegger por seu papel de tagarela do interior americano. Nic ainda teve que driblar os boatos de que teve um caso com Jude Law durante as filmagens. A coisa não foi muito diferente com Revelações (2003) onde aparece desglamourizada tendo um caso de amor com Anthony Hopkins sob a batuta ilustre de Robert Benton e o musical Nine (2009) que é cheio de estrelas (Kidman, Sophia Loren, Judy Dench, Penelope Cruz, Daniel Day Lewis, Kate Hudson...) mas é desinteressante até o osso. Outro filme que se encaixa aqui é Austrália (2008) de Baz Luhrman que não encontrou seu público ao contar um romance em meio a fatos históricos importantes da história do país.
Dogville: comendo o pão que Lars Von Trier amassou.
Os audaciosos: Nicole não tem medo de se arriscar, sendo assim depois do Oscar por As Horas topou sofrer nas mãos e Lars Von Trier em Dogville (2003), onde interpreta a misteriosa Grace que se esconde numa cidade miserável no interior dos Estados Unidos e sofre todo tipo de agressões físicas e psicológicas. Mas na cidade do cachorro chamado Moisés quem morde por último morde pior. Além do trabalho ousado com Trier, Kidman se rendeu à estética de Johnatan Glazer para viver a viúva Anna que é perturbada com o assédio de um menino que diz possuir o espírito de seu marido em Reencarnação (2004). Pelo papel foi merecidamente indicada ao Globo de Ouro. Nicole ainda topou encarar o humor negro de Noah Baumbach como a (perfeita) irmã antipática de Margot e o Casamento (2007) e encarou as bizarrices de Steven Shainberg em A Pele (2006) onde fez par com Robert Downey Jr - numa biografia fantasiosa da fotógrafa Diane Arbuss. Rabbit Hole (2010) se encaixa aqui ao ser uma adaptação da prestigiada peça ganhadora do Pulitzer (mas desta vez foi Nic que escalou o perigoso John Cameron Mitchell para dirigir). Nesta categoria que se encontra os melhores filmes da atriz que utilizou seu prestígio para dar projeção a projetos difíceis para o grande público.
A Feiticeira: feitiço sem química com Ferrell.
As pipocas: Nicole não deu sorte nem quando se rendeu aos filmes comerciais. Acho que os diretores confiaram tanto no taco da atriz que esqueceram de lapidar melhor os seus projetos. Um exemplo é A Feiticeira (2005), uma comédia romântica baseada no delicioso seriado e que teria forte apelo entre a mulherada se não tivesse Will Ferrell (feioso e bobo, assumindo o papel que era de Tom Hanks!!!) como par romântico. Só Norah Ephron deve achar o cara interessante para o papel de galã. Antes ela teve o tropeço de Mulheres Perfeitas (2004) do expert em comédias Frank Oz que não soube o que fazer com o bom material que tinha nas mãos e depois caiu outra vez com A Intérprete (2004) dirigido por Sidney Pollack e estrelado ao lado de Sean Penn, dizem que o roteiro teve problemas desde o início e isso é visível na tela. As coisas não foram melhores na enésima versão de Invasores de Corpos, agora batizado somente de Invasores (2006) e a adaptação de A Bússola de Ouro (2007) que teve a trilogia cancelada por conta do fiasco nas bilheterias. Nem o Oscar de efeitos especiais ajudou.
Winslet em O Leitor: "Valeu Nic!"
Ficaram pelo caminho: Com tantos problemas na bilheteria Nicole deixou para trás algumas propostas que fizeram sucesso nas bilheterias e que até renderam prêmios para quem ocupou seu posto nos créditos. Em Carne Viva (2003) rendeu os últimos elogios da carreira de Meg Ryan, já que Nicole desistiu de atuar como a professora solitária que é asseadiada por um psicopata. A amiga Naomi Watts foi premiada em Veneza e indicada ao Oscar quando aceitou o papel por indicação de Nicole no 21 Gramas (2003) de Alejandro Gonzalez Iñarritú. Cate Blanchett também deve ter agradecido quando Nicole largou o papel de Katharine Hepburn em O Aviador (2004) para pagar mico em Mulheres Perfeitas. Blanchett acabou ganhando o Oscar de coadjuvante pelo papel. A melhor mesmo levou Kate Winslet, que foi para casa com o Oscar de atriz por O Leitor (2009) - depois que Nicole deixou o papel de analfabeta nazista porque estava grávida. Mas nem tudo foi ruim nessas desitências, depois do Oscar por As Horas, Nicole foi convidada para ser Mulher Gato (2004) e quem acabou pagando mico foi Halle Berry.
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