5 Fogo Sagrado (1999) Depois de Titanic (1997) enquanto Leonardo DiCaprio resolveu andar pela praia de Danny Boyle, a inglesa Kate Winslet resolveu atuar num filme de Jane Campion. O resultado foi este filme esquisito que não atraiu o público e nem a crítica. Winslet é a australiana Ruth Barron, jovem que parte para a Índia em busca de novas emoções. Enquanto se rende a experiências místicas, sua família insiste em trazê-la de volta, tanto que contrata um homem (Harvey Keitel) especialista em tratamentos psiquiátricos para "religiosidade". A relação entre os dois se intensifica numa relação entre o sagrado e o profano, num jogo de manipulação sexual que nunca se sabe muito bem quem está no controle. Fosse um filme mais sutil, Kate com sua Ruth poderia estar melhor colocada - já que sua atuação é, como sempre, competente. Mas o destaque mesmo fica por conta da fotografia avermelhada de Angelo Badalamenti.
4 Em Carne Viva (2003) Nicole Kidman quase atuou neste filme, mas acabou assinando a produção e cedendo o lugar para Meg Ryan - que tem aqui a sua melhor atuação dramática. Ryan interpreta Frannie Thorsit, uma professora de inglês que acaba testemunhando um crime. Mal sabe ela que o assassino psicopata das redondezas irá persegui-la até o fim da sessão. Sorte que Campion investe pesado numa atmosfera moderna e erotizante para tirar o filme da mesmice, para tanto capricha ao abordar as angústias amorosas de sua protagonista - que recebem um trato onde seus maiores medos são exteriorizados por metáforas violentas. Para completar a narrativa, Frannie se envolve com um detetive machão (Mark Rufallo, bem mais durão do que conhecemos) que pode ser o assassino e ainda vê sua irmã insossa (Jennifer Jason Leigh) perder a cabeça (literalmente). Quem espera um suspense tradicional pode se decepcionar.
3 Brilho de Uma Paixão (2009) Fanny Browne (Abbie Cornish) era a grande paixão do poeta John Keats (Ben Wishaw), pena que o romance entre os dois encontra vários empecilhos para seguir em frente no século XIX. Afinal de contas ela é uma promissora estilista inglesa e ele um poeta pobretão que lhe dedica os poemas mais sinceros que possa produzir. A pouco conhecida Abbie Cornish rouba a cena num filme que pretende seguir a cadência de um poema, repleto de significações implícitas, além de figurinos e fotografia de primeira. Neste último filme a diretora demonstra mais uma vez o cuidado com que retrata a situação da mulher e a forma como lida com seu desejo. Ironicamente Fanny não se contenta com poemas, especialmente quando tem que lidar com uma empregada grávida do patrão...
2 Retrato de Uma Mulher (1996) Baseado na obra de Henry James, o filme deu a chance de Nicole Kidman mostrar que poderia ser muito mais do que a esposa de Tom Cruise (com quem era casada na época). Isabel Archer (Kidman) é órfã e sonhava em casar-se por amor, por isso acaba recusando o pedido de casamento de um homem rico. Com a morte de seu tio, acaba atraindo a ganância de Madame Merle (Barbara Hershey, indicada ao Oscar de coadjuvante) e o casamento com o malévolo Gilbert Osmond (John Malkovich). O casamento infeliz fará com que amadureça e reflita sobre os rumos que impôs a si mesma. Campion capricha na opressão vivida pela personagem, por isso muitos consideram este o seu filme mais frio.
1 O Piano (1993) é o filme imbatível de Jane Campion, ganhador da Palma de Ouro em Cannes e Oscars (roteiro original, atriz coadjuvante para Anna Paquin e atriz para Holly Hunter), nada mais justo que sua personagem muda, Ada (Hunter) esteja no topo de suas personagens femininas. Ada se comunica com o mundo através de seu piano, portanto sofre um bocado quando ao ser mandada para os cafundós da Nova Zelândia, seu instrumento fica ao relento da praia. Este incidente acabará a aproximando de um homem solitário (Harvey Keitel) e trará consequências surpreendentes em seu casamento com o passivo personagem de Sam Neil. Campion recebeu destaque pela forma com que abordou os desejos femininos de forma delicadamente intensa - aspecto que acabou virando sua assinatura.
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