Todo mundo já sabe que Thor faz parte do plano infalível da Marvel para lançar o longa de Os Vingadores (previsto para 2012), em que reunirá seus maiores astros da HQ e para isso sabia que o maior desafio da aventura do heóri na telona era injetar argumentos fantásticos no tom realista que o estúdio imprimiu em suas adaptações para a telona. Para tanto chamou o escolado Kenneth Branagh (que era muito famoso na década de 1990 pelo vigor com que conduzia adaptações shakesperianas para as telonas, neste século se não fosse por uma participação como professor canastra na série Harry Potter o cara teria passado em branco). Branagh é atualmente mais lembrado como o ex de Emma Thompson e que depois tomou um pé na bunda de Helena Bonhan Carter. O curioso é que a Marvel, que atualmente tem seu próprio estúdio de cinema, mostra que entende bem de cinema ao escalar o diretor exato para esta obra. A verve shakesperiana de Branagh cai como uma luva nas intrigas do filme, e isso se reflete claramente nas cenas em que todos mais temiam - as que envolve a parte mitológica. O problema de Thor está em outro campo, que Branagh nunca foi reconhecido: a parte, digamos, "contemporânea". Enquanto explora que há algo de podre no reino de Asgard o filme funciona infinitamente melhor do que quando resolve forçar cenas de romance e piadinhas na vida terrena de seu protagonista. Enfim, se Branagh topou o projeto para sair do ostracismo e não deixar a coisa sair no ridículo, todos podem se dar por satisfeitos. Na mitologia nórdica, Thor é o filho de Odin e apesar de ser o primogênito e futuro rei, é considerado muito arrogante e cheio de si para assumir o trono, por conta disso é banido para a Terra para aprender a ser humilde com os mortais. A lição poderia ser muito bem apreendida e funcionado antes que se tornasse rei, se não houvesse nas entrelinhas as intrigas de seu irmão Loki, o deus da mentira. É mais ou menos isso que vemos em Thor - acresente a isso que ele vem para a Terra encontrando uma astrofísica com a cara de boa moça de Natalie Portman e a sinopse está pronta. Branagh consegue fazer um bom serviço e seu nome nos créditos conseguiu atrair nomes de peso para o elenco, um é o de Anthony Hopkins que interpreta Odin com toda a pompa que um deus supremo merece. O outro é de Portman, que topou um papel bem secundário pela oportunidade de atuar sob a batuta do britânico - assim como Rene Russo que faz a mãe do deus do trovão. Quem também deve ter se empolgado com a ideia foi o dinamarquês Stelan Skarsgaard, que faz um papel bem mais leve do que costuma (mas que ao fim dos créditos mostra que isso não deve durar muito tempo). Claro que essa penca de atores renomados ajuda bastante quando um blockbuster é protagonizado por um desconhecido como Chris Hemsworth (que tem como maior sucesso do currículo os menos de dez minutos de tela como o pai do Capitão Kirk na repaginada de Star Trek lançada dois anos atrás). Chris pode não ser um ator excepcional, mas consegue construir um Thor para o qual é fácil de torcer, mas, ironicamente, a maior pedra no seu caminho é seu irmão, Loki - ou melhor, Tom Hiddleston que tem uma atuação notável como o irmão invejoso do herói. A parrudez física que Hemsworth apresenta no papel do herói (dizem que Branagh pediu até para ele parar de malhar, já que não estava mais cabendo nos figurinos) é equivalente à intensidade que Hiddleston imprime como o vilão desta primeira aventura de Thor. Com roteiro simples (afinal é a adaptação de uma HQ) o filme consegue manter-se íntegro, sem nunca desamparar seus atores em meio aos efeitos especiais. Se Os Vingadores for assim, a pipoca está garantida.
Thor (EUA-2011) de Kenneth Branagh com Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Anthony Hopkins, Natalie Portman, Stellan Skarsgaard, Kat Jennings, Rene Russo e Clark Gregg. ☻☻☻
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