sexta-feira, 6 de maio de 2011

DVD: Scott Pilgrim contra o Mundo


Cera: um soco visualmente inebriante de Scott Pilgrim.

Eu queria rever Scott Pilgim antes de escrever alguma coisa sobre o filme, mas como tem sido cada vez mais difícil me deparar com o filme por aí, me estimulei a escrever sobre o longa metragem protagonizado por Michael Cera. Hoje fui à uma livraria e me deparei com as aventuras do personagem na HQ canadense que deu origem ao filme. E a grande interrogação que tive ao ver o filme quase que permaneceu. Quando vi o traço da HQ pensei que o filme realmente fosse voltado para o público infantil, mas o texto é moderninho demais para ser considerado infantil (tal e qual a HQ). Acho que no fim das contas o filme de Edgar Wright (dos divertidos Todo mundo quase morto e Chumbo Grosso)  acabou reproduzindo este efeito de contraste dos quadrinhos na telona. Quando vi o filme essa sensação híbrida (ser infantil e juvenil) foi o que mais me instigou. Visualmente considero o filme arrebatador, mas o texto me soou um pouco ridículo. Aquela coisa do moleque que se apaixona por uma garota modernete e que precisa enfrentar seus ex-namorados do mal é feito sob medida para a geração que adora video-games e cultua sitcoms voltadas para jovens na TV. Mas eu me perguntava se Scot Pilgrim pode ser considerado cinema apenas por estar sendo projetado na telona. Esta sensação deve ter sido a mesma dos distribuidores que quase deixaram de passar o longa nos cinemas e preferiam lançar o longa direto em DVD. Longe de mim dizer que o filme não merecia ser visto na telona, com sonzão e a galera vibrando com as cenas mais aventurescas. Portanto, hoje admito que Scott Pilgrim é cinema. Mas se baseia apenas numa sucessão episódica de duelos bem fotografados, cheio de efeitos especiais e referências ao mundo pop. Apesar de Michael Cera ser cada vez mais um tipo do que um ator (afinal ele deixou de ser teen há um tempinho - completa 23 anos no mês que vem - mas continua preso ao mesmo papel de über nerd) ele ainda consegue me despertar simpatia com seu olhar nervoso e pinta de guri (portanto cumpre bem o papel que lhe cabe neste latifúndio cinematográfico). Porém, fiquei surpreso com a desenvoltura com que Cera executa performances roqueiras e duelos com oponentes que se tornam moedinhas. Todavia, o delumbramento que o filme causa na platéia está longe de ser por conta de atuações (apesar de alguns destaques: Alisson Pill - com quem tenho esbarrado em cada vez mais filmes com indies -, Anna Kendrick como a irmã de Scott ou Kieran Culkin como o amigo gay de Scott) o que hipnotiza no filme são as espalhafatosas cenas de ação, a poluição sonora, a edição picotada e os efeitos inebriantes que me fizeram pensar por um tempo que era um longo video clipe de uma banda fictícia chamada PlumTree. Talvez todo esse excesso tenha comprometido a conexão com o que o filme realmente é: um romance contado na linguagem frenética de uma geração  fanática pela linguagem dos games. Uma experiência cinematográfica diferente e única  a que muitos consideram o melhor filme baseado num video game (mas que não é baseado num game), mas que cansa lá pela metade. 

Scott Pilgrim contra o Mundo (Scott Pilgrim vs the world) de Edgar Wright com Michael Cera, Jason Schwartzman, Mary Elizabeth Winstead, Kieran Culkin, Brandon Routh e Chris Evans. ☻☻

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