Hill, Tomei e Reilly: Há um passo dos filmes de terror!
Existem comédias românticas que poderiam muito render verdadeiros filmes de terror. Comecei a pensar nisso quando vi Kate Hudson fazendo tudo errado com o coitado do Matthew McConaghey em Como Perder um Homem em dez Dias (2003), recentemente Zooey Deschannel virou a garota dos pesadelos de qualquer rapaz apaixonado ao desprezar a afeição de Joseph Gordon-Lewitt em 500 dias com Ela (2009). Outro filme que acaba de entrar para esta lista macabra é Cyrus, comédia romântica independente que tem dois nomes que me chamam a atenção há tempos. Um é John C. Reilly (o qual já detalhei um pouco da carreia aqui) o outro é Marisa Tomei, que parece ficar mais bonita e carismática a cada ano que passa (afugentando de vez aquela piada ofensiva sobre ter ganho um Oscar por engano pelo papel em Meu Primo Vinny/1992). A ideia dos diretores/roteiristas de Cyrus é bem simples: John (Reilly) é um homem divorciado há sete anos e está sensibilizado com o casamento da ex (Catherine Keener) até que encontra seu par ideal, Molly (Marisa) - bela morena, simpática e divertida. Após uma noite de amor existe a promessa de que um compromisso se aproxima. Poderia ser só mais um filme de homem que encontra a mulher ideal e juntos tentam superar as mágoas que os fizeram amadurecer e blábláblá, mas o filme mete no roteiro um elemento surpresa: Cyrus, o filho dela (o gorducho Jonah Hill, que me surpreendeu num papel sério). Cyrus tem 21 anos, planos de se estabelecer enquanto artista de música eletrônica (embora suas composições mais assustem do que animem) e um relacionamento quase doentio com a mãe. Oops! Acho que falei demais. O fato é que Cyrus, apesar de crescido ainda não cortou o cordão umbilical - e ele nem sente que faz a vida de ambos tropeçar nesta ligação a todo instante. O rapaz tem tanta intimidade com a mãe que no primeiro momento, John fica desconfiado de que pode estar diante de uma relação incestuosa. Depois começa a desconfiar que Cyrus pode estar sabotando o namoro que parecia tão promissor... depois... é melhor eu não contar senão estraga. A ideia de alguém querendo sabotar a relação de um casal não é nova, mas a dupla de diretores consegue injetar originalidade (e muita estranheza) ao colocar um filho crescido como vilão. O filme se aprofunda através das entrelinhas da relação entre os três personagens que precisam andar com as próprias pernas e caminha para um final que não sabemos muito bem qual vai ser (lembre-se é um filme independente). Jay Duplass e Mark Duplass se arriscam numa direção que pretende ser invisível, atuações naturalistas, câmera na mão, tremidinhas, zooms mal disfarçados e alguns enquadramentos onde vemos o foco se ajustar - beira o documental e traz sensação de que somos penetras naquele universo (que pode ser a casa do vizinho). O fato de ser tão despretensioso em contar a história de pessoas comuns rendeu vários elogios para o filme (e como diria Caetano: de perto ninguém é normal), mas não se surpreenda se daqui há alguns anos aparecer um filme de terror com trama parecida...
Cyrus (EUA-2010) de Jay & Mark Duplass com John C. Reilly, Jonah Hill, Marisa Tomei, Catherine Keener e Matt Walsh. ☻☻☻
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