Para encerrar o ano de serviços prestados no blog é inevitável fazer a lista dos meus filmes favoritos entre os que chegaram no Brasil durante o ano. Entre os retardatários de 2011 e os legítimos filhos de 2012 a lista (em ordem alfabética) ficou assim:
Argo de Ben Affleck Em seu terceiro filme, Affleck provou de vez que é melhor diretor do que ator. Nos anteriores ele já mostrava que era bom, mas faltava uma história com H maiúsculo. Em 1979 o Irã estava em ebulição e com a invasão à embaixada americana, seis diplomatas conseguem refúgio sigiloso na casa do embaixador canadense - enquanto um grupo da CIA planeja uma forma de resgatá-los. A saída? Bolar um filme falso que usaria o deserto iraniano como locação! Uma ideia tão estapafúrdia que só poderia ser inspirada em fatos reais! Sucesso de público e crítica, Argo promete fazer bonito no Oscar do ano que vem!
Drive de Nicholas Winding Refn Tantos diretores e atores passaram pela produção de Drive, mas não consigo pensar em como o filme seria sem a dupla Refn/Ryan Gosling. Trata-se de um filme incomum, tudo poderia guiar para mais um genérico de Velozes e Furiosos, mas a dupla sempre conduz o filme para o oposto. Seja nas cenas automobilísticas fascinantes, os personagens enigmáticos, a ambientação noir oitentista, o romance proibido do protagonista, os longos silêncios... o fato é que Drive jorra originalidade estilística numa trama que tinha tudo para dar errado: um dublê que ganha a vida dirigindo para bandidos. Obra-prima!
O Abrigo de Jeff Nichols A quem pertence a verdade? O que distingue a loucura de uma profecia? Esse é o ponto de partida - e de chegada - deste filme que merecia mais atenção quando passou nos cinemas ou quando chegou nas locadoras. O Abrigo consome o espectador em sua angústia silenciosa de ritmo lento enquanto o protagonista pensa que está enlouquecendo, assim como aconteceu com sua mãe. Assustando a esposa (a sempre exemplar Jessica Chastain), a filha surda e os amigos com a ideia de que o fim se aproxima, o personagem de Michael Shannon tornou-se um dos mais marcantes do ano.
O Espião que Sabia Demais de Thomas Alfredson Desde pequeno que adoro quebra-cabeças (e fiz esse mesmo estrago no meu sobrinho, que aos dez anos é o meu parceiro favorito na hora de jogar). Baseado no livro de John LeCarré, o filme do sueco Alfredson é um gratificante exercício para o espectador. Contando a busca de um traidor na inteligência britânica, o filme mescla diversos personagens e tramas. O texto tem maior interesse na vida particular sacrificada desses profissionais do que nas intrigas (e ao final elas se mostram misturadas com maestria). Vale enfrentar o desafio e acompanhar as ironias e atuações do elenco, especialmente de Gary Oldman, soberbo como o agente George Smiley.
Precisamos Falar Sobre o Kevin de Lynne Ramsay É o filme mais perturbador que assisti neste ano - talvez nos últimos dez anos! Desde que vemos Tilda Swinton coberta de vermelho sabemos que sua personagem terá um desfecho problemático com o seu filho, Kevin (Ezra Miller). Com a câmera voltada para os conflitos de uma mãe que enfrenta o desprezo de todos por ter dado a luz ao responsável por um massacre na escola local, o filme causou polêmica por culpabilizar demais a personagem. Freud explica! O fato é que o filme é um pesadelo arrepiante pela busca por explicações para a maldade humana. E será que existe explicação?
Prometheus de Ridley Scott Ficção científica é o meu segundo gênero favorito, mas tem sido bastante maltratado nos últimos tempos com tramas bobas e piadinhas que dizem satisfazer as plateias. Sorte que Scott retomou a franquia Alien em grande estilo com uma trama elaborada sobre a origem da humanidade. Trazendo questionamento sobre fé, ciência e ética o filme foi um dos grandes sucessos do verão americano e fundamentou discussões acaloradas em quem o assistiu. Scott enriquece a mitologia Alien com pelo menos dois personagens inesquecíveis: a cientista Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e o robô David (Michael Fassbender), que não tem pudores em transformar seus criadores em cobaias.
Shame de Steve McQueen Sempre que chego perto do fim de uma lista eu penso em quem deveria aparecer nela, sendo assim, Shame não poderia ficar de fora. A saga de um viciado em sexo e sua rotina solitária foi uma das coisas mais emocionalmente complexas que enfrentei numa tela durante o ano. A rotina de Brandon (Michael Fassbender, premiado em Veneza2011) é movida a sexo carnal e virtual. Ainda que seja bem sucedido ele parece prisioneiro da eterna busca por sexo (o que alguns especialistas já chamam de Desejo Sexual Hiperativo), mas a visita de sua irmã (Carey Mulligan) irá colocar sua lógica de cabeça para baixo. Melancólico, o filme surpreende.
Shame de Steve McQueen Sempre que chego perto do fim de uma lista eu penso em quem deveria aparecer nela, sendo assim, Shame não poderia ficar de fora. A saga de um viciado em sexo e sua rotina solitária foi uma das coisas mais emocionalmente complexas que enfrentei numa tela durante o ano. A rotina de Brandon (Michael Fassbender, premiado em Veneza2011) é movida a sexo carnal e virtual. Ainda que seja bem sucedido ele parece prisioneiro da eterna busca por sexo (o que alguns especialistas já chamam de Desejo Sexual Hiperativo), mas a visita de sua irmã (Carey Mulligan) irá colocar sua lógica de cabeça para baixo. Melancólico, o filme surpreende.