Affleck e Olga: boas imagens não fazem uma boa história.
É sempre ruim comparar filmes entre si, especialmente sendo do mesmo autor, mas não tem jeito, o maior problema de Amor Pleno é ter sido lançado tão próximo de A Árvore da Vida. A coisa fica ainda pior se lembramos que Terrence Mallick costuma demorar vários anos para lançar suas obras - e apenas dois anos separam o filme estrelado por Brad Pitt de Amor Pleno. Os maldosos podem até dizer que isso aconteceu porque Amor Pleno nem tem assunto para dar tanto trabalho assim ao diretor. O pior é que eles não estão errados. É verdade que toda a beleza das imagens está presente, a trilha sonora que as embala com perfeição, a narrativa em off "profunda" que parece pontuar as ideias principais da história mas... em A Árvore da Vida existia um fio de ligação poderoso entre tudo o que víamos na tela, aqui não. Entendo a opção por um cinema mais experimental para narrar os dilemas do casal Neil (Ben Affleck) e Marina (Olga Kurylenko), um casal que se apaixona em Paris e que vai morar junto nos EUA. Ela tem uma filha, ele tem um trabalho que lida com ameaças ao meio ambiente. Ele é silencioso, ela vive dançando por aí. Aos poucos a distância entre eles cresce - e não apenas porque o visto dela termina e ela precisa voltar para França. Ele reencontra um amor do passado, Jane (Rachel McAdams) e Marina anuncia seu retorno. Vocês vão achar que estraguei o filme já que contei a história (toda!), mas desculpem, um filme de Mallick é mais do que isso. É um espetáculo de imagens bem fotografadas e com grande preocupação com os enquadramentos, são frases que pretendem ser filosóficas, o homem e a natureza mostrados como se fossem tão complementares quanto dissonantes. Você vai pensar que já viu tudo isso em outros filmes do diretor - e já viu mesmo! Só que aqui não uma coesão entre as cenas, exigindo muita paciência para conseguir se conectar com os personagens - apesar de viverem uma história universal (e igual a tudo que Mallick já fez). A persoangem que chega mais próxima de encantar o público é Olga, que mais uma vez prova que é capaz de deixar para traz seu passado em filmes de ação. Não posso nem comentar sobre Ben Affleck, já que ele não tem muito o que fazer em cena e o padre vivido por Javier Bardem é quase um acessório de luxo na narrativa. Durante o filme fala-se francês, inglês e espanhol, mas a impressão é que o diretor criou uma Torre de Babel de belas imagens. Talvez Mallick precisasse de mais alguns anos para enriquecer a história. Como diria minha avó, a pressa é a inimiga da perfeição.
Amor Pleno (To the Wonder/EUA-2013) de Terrence Mallick com Ben Affleck, Rachel McAdams, Olga Kurylenko e Javier Bardem. ☻☻
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