Rose, Heather, Violet e Carrie: sobrevivendo ao estado emocional universitário.
Revelado em 1990 com o aclamado Metropolitan (1990), que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de roteiro original, o cineasta Whit Stillman realizou (em 23 anos) apenas quatro filmes de estilo bem demarcado. O que une seus longas (que inclui ainda Barcelona/1994 e Os Últimos Embalos da Disco /1998) é a escolha de um grupo de jovens comuns, em um espaço específico com alguns toques inusitados. Acredito que Descobrindo o Amor (péssimo nome brasileiro para o original Damsels in Distress / Damas em Apuros) é o campeão no quesito inusitado. Chega a ser engraçado como um filme com tantas maluquices pode ser leve e inofensivo. O filme gira em torno de um campus universitário e os tipos de se relacionam por lá. As protagonistas pertencem a um grupo bem específico, já que participam de um grupo que pretende combater o suicídio entre os universitários. Liderados por Violet (Greta Gerwig), a mal-humorada Rose (a bela Megalyn Echikunwoke) e a desconectada Heather (Carrie MacLemore), são cheias de boas intenções - ainda que sejam mais preconceituosas do que imaginam (graças a um conjunto de regras que estabeleceram para lidar com o mundo universitário). Para auxiliar o espectador a conhecer as moças, surge Lily (Aneleigh Tipton), nova na universidade e acolhida pelo grupo - ainda que discorde de várias atitudes de Heather. Apesar de bastante fantasiosa, a Universidade mostrada por Stillman consegue retratar muito bem a capacidades dos jovens universitários exibirem um olhar crítico sobre o mundo, ainda que muitas vezes seus argumentos ainda não estejam bem estruturados (no filme dá para contar nos dedos as cenas em que aparecem estudando). Só para se ter ideia, a grande batalha travada no campus é pelo fim das irmandades, consideradas templos de idiotas, enquanto as discussões crescem, as personagens tem alguns relacionamentos amorosos bastante sutis (cujo o fim parece ser o principal fato de suicídios no campus). O engraçado é que a personagem de Greta Gerwig dita o tom da narrativa, na medida em que (ironicamente) ela vive uma crise existencial e o filme revela fatos curiosos de seu passado (que a fazem consolidar-se tão doidinha quanto imaginávamos no início). Gerwig me chamou atenção como a única coisa que prestava no horroroso terceiro filme de Noah Baumbah, Greenberg - O Solteirão (2010). A participação no filme chamou tanta atenção que ela apareceu em algumas produções de grandes estúdios (como o inútil remake de Artur - O Milionário Sedutor/2011 estrelado por Russell Brand), mas acho que até ela percebeu que não era o ambiente dela. Gerwig parece a irmã cômica de Chloë Sevigny e a comparação também serve para dizer que é no cinema independente que sente-se mais a vontade para criar suas personagens com doses de esquisitice. É ela que consegue dar alguma lógica num universo onde um deprimido se chama Freak Astaire e o editor do jornal universitário é visto como tirano. Pelo papel de Violet, a garota anti-suicídio que se deprime com uma desilusão amorosa e melhora quando se apaixona ao descobrir que um novo pretendente é mentiroso, a atriz foi premiada no Dublin Film Festival como melhor atriz. Em 2013, sua atuação em Frances Ha (do amigo Baumbach) lhe colocou entre as favoritas ao Globo de Ouro de Atriz de comédia e a consolida como uma jovem atriz que merece nossa atenção. Descobrindo o Amor pode não ser inesquecível, mas pode causar boas risadas se você esquecer o título idiota.
Descobrindo o Amor (Damsels in Distress/EUA-2011) de Whit Stillman com Greta Gerwig, Megalyn Echikunwoke, Carrie MacLemore, Aneleigh Tipton, Adam Brody e Zach Woods.☻☻☻
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