Louise, Diane, Mia, Wiest, Judy, Scarlett, Penélope e Cate: musas talentosas.
Aproveitei a estreia de Blue Jasmine, o filme 2013 de Woody Allen para lembrar as musas do diretor. É verdade que ele já trabalhou com centenas de atrizes, mas só algumas foram elevadas ao posto de musa - sendo recorrentes em papéis de destaque em sua cinematografia, sendo indicadas e premiadas por suas atuações. Para começar, não poderia ser outra senão Louise Lasser. Ela pode ser pouco lembrada hoje, mas foi uma comediante bastante celebrada pela sua habilidade em cenas de improviso na Broadway da década de 1960. Sua presença foi muito importante nas primeiras aventuras de Allen no cinema, tendo participado em O que que há Gatinha (1965) - primeiro roteiro de Allen para o cinema assim como o primeiro filme de Allen na direção (O que Há Tigresa? de 1966). Lasser também apareceu em Um Assaltante bem Trapalhão (1969) e Bananas (1971). Lasser foi casada com o diretor de 1966 até 1970. Nessa época a maior do cineasta era fazer rir. Louise voltou a trabalhar com Woody em 1980 no controverso Memórias. Depois de Lasser, Woody encontrou uma atriz que colocaria sua carreira em outro patamar. Diane Keaton é querida até hoje, mas quando começou a trabalhar com Woody estava no começo da carreira. Eles apareceram juntos pela primeira vez em Sonhos de Um Sedutor (1972), dirigido por Herbert Ross e escrito por Allen. Depois grudara e fizeram O Dorminhoco (1973) e A Última Noite de Bóris Gushenko (1975). A relação entre os dois ficou famosa por inspirar Woody a tornar seus personagens mais complexos, ao ponto da parceria em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977) se consagrar com os Oscars de Filme, diretor, roteiro e atriz. Dali os dois ousaram ainda mais no pesado Interiores (1978) e no celebrado Manhattan (1979). Ainda que o auge da parceria tenha ficado para trás, Diane de vez em quando volta a trabalhar com o amigo, seja em participações especiais (A Era do Rádio/1987) ou papéis principais (Um Misterioso Assassinato em Manhattan/1993). Na década de 1980, outra musa aparecera na vida de Allen: Mia Farrow. Farrow era famosa por suas atuações em O Bebê de Rosemary (1968) e O Grande Gatsby (1974), mas Woody que revelou a versatilidade de sua aparência frágil. É engraçado imaginar que a primeira parceria do casal foi em Sonhos Eróticos de Uma Noite de Verão (1982), uma releitura de Shakespeare. Os dois namoraram e casaram. Ao lado de Mia, Woody trabalhou em Zelig (1983), Broadway Danny Rose (1984), A Rosa Púrpura do Cairo (1985), Hannah e Suas Irmãs (1986), A Era do Rádio (1987), nos densos Setembro (1987) e A Outra (1988), além de Crimes e Pecados (1989), Simplesmente Alice (1990), Neblina e Sombras (1991) e Maridos e Esposas (1992) que encerrou dez anos de parceria após um polêmico incidente familiar. Mia foi a musa que mais filmou com Woody. Em meio aos filmes com Farrow, não podemos esquecer a presença de Dianne Wiest nesse período. Wiest apareceu em um pequeno papel em A Rosa Púrpura do Cairo, mas em Hannah e Suas Irmãs levou o Oscar de coadjuvante para a casa (ela receberia outro por Tiros Sobre a Broadway/1994) e marcou presença no intimista Setembro. No meio do conflito com Mia nos sets de Maridos e Esposas, Woody conheceu uma de suas musas mais subestimadas: a australiana Judy Davis. Judy tinha no currículo uma indicação ao Oscar por Passagem para Índia (1984) quando trabalhou com Woody pela primeira vez em Simplesmente Alice e dois anos depois foi indicada ao Oscar por sua personagem em Maridos e Esposas. A atriz trabalhou novamente com o cineasta em Desconstruindo Harry/1997, Celebridades (1998) e Para Roma, com Amor (2013). Depois de um tempo de críticas severas, Woody encontrou sua musa do século XXI: Scarlett Johansson. A jovem e celebrada atriz era o que ele precisava para dar corpo (e calor) para Match Point (2005) e Vicky Christina Barcelona (2008) - além de relaxar com o humor de Scoop (2006). A parceria fez muito bem à carreira de ambos, mas quem se deu melhor com os frutos dessa relação foi Penélope Cruz. Por sua atuação em Vicky Christina Barcelona (2008), a espanhola levou para casa o Oscar de coadjuvante como a temperamental María Elena (além de ter engatado o casamento com Javier Barden, ator do filme). Penélope só tem o que agradecer a Allen e ano passado ela trabalhou com o cineasta novamente em Para Roma, Com Amor. Em 2013 é a vez de Cate Blanchett experimentar o posto de musa com Blue Jasmine ao lado de Sally Hawkins. Ambas já estão cotadas para a época de ouro que se anuncia, resta cruzar os dedos Woody.
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