Neste ano a lista dos meus escolhidos entre os lançamentos do ano me parece melhor porque ficou bastante variada, com produções de diversos países que chegaram por aqui com algum atraso, mas que conseguiram fincar lugar em minha memória até esse finzinho de 2013. Dois deles estrearam no final de dezembro de 2012 e acabaram ficando de fora da lista anterior, mas acabaram recebendo projeção nas salas em 2013. Os filmes lançados e que carregarei do ano que termina são os seguintes (em ordem alfabética):
Mads Mikkelsen já se tornou um dos meus atores favoritos, nem precisava ter uma atuação tão avassaladora quanto a que faturou o prêmio de melhor ator em Cannes no ano passado para meus olhos caírem sobre ele. O drama de Thomas Vinterberg (um dos fundadores do movimento Dogma 95) mostra a ruína de um professor acusado de ter molestado uma criança. Ainda que seu personagem seja acima de qualquer suspeita, o filme torna-se arrasador pelo poder que a palavra tem de alimentar a crueldade humana. O filme estreou nos EUA somente esse ano e concorre a uma vaga na categoria de filme estrangeiro no próximo Oscar.
Nunca pensei que Michael Haneke ganharia um Oscar, mas ele ganhou com a história de um casal de idosos que precisa lidar com todas as dificuldades que o passar do tempo é capaz de proporcionar. As excelentes atuações de Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva (que se tornou a atriz mais idosa a concorrer ao Oscar de atriz) conduzem o tom do casal em lidar com um AVC. Apesar de narrar um recorte temporal específico do casal protagonista, pode-se perceber toda a intimidade que somente anos de convivência podem construir até a dolorosa cena final.
Os documentários me parecem cada vez mais interessantes, especialmente quando contam histórias de ilustres desconhecidos como Sixto Rodriguez, cantor de origem latina que tornou-se um fracasso de vendas nos EUA no início da década de 1970 e virou uma lenda com as histórias sobre seu fim trágico e suicida. Mais do que isso, o filme aborda como suas músicas se tornaram símbolo de lutas políticas na África do Sul. Malik Bedjelloul usa uma narrativa irresistível para seguir seu astro de trajetória um tanto torta para descobrir o que de fato aconteceu com o homem e sua carreira. Supreendente, emocionante e inspirador!
Estreou em 09/08/2013 |
Se Jacques Audiard já merecia meus aplausos por O Profeta/2009, com Ferrugem e Osso ele merece entrar para minha lista de diretores favoritos. Fiquei impressionado como ele filmou essa história com tudo para se tornar um melodrama insuportável. O romance entre uma domadora de baleias (Marion Cotillard) e um segurança que se envolve com lutas clandestinas (Matthias Schoenaerts) é contada com toda a força necessária para se tornar uma obra que será lembrada por muito tempo. Entre toda a brutalidade e violência que existe na trajetória dos personagens, Audiard injeta um lirismo que há muito eu não sentia. Além disso, Marion e Matthias estão ali de corpo e alma para a plateia sentir.
Estreou em 11/10/2013 |
Alfonso Cuarón teve dificuldades para convencer os estúdios de investir num projeto como Gravidade. Sua sorte mudou quando Sandra Bullock se interessou pelo projeto e o ajudou a se tornar uma das raras unanimidades entre os lançamentos de 2013. A história da astronauta que se vê perdida no espaço, torna-se capaz de falar de cada um de nós, do sentimento de solidão e de que muitas vezes precisamos enfrentar nossos fantasmas sozinhos se quisermos sobreviver. Repleto de referências e simbologias, o filme é um grande acerto e Sandra está de parabéns em mostrar que tornou-se uma atriz madura.
Estreou em 14/12/2012 |
Acho que nenhuma lista irá se lembrar desse filme israelense premiado em Cannes e que foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro. Apesar do final em aberto, o longa de Joseph Cedar é um achado na forma como insere as notas de rodapé durante a sua narrativa - marcada pelo conflito entre pai e filho, dois professores e pesquisadores que trilham ideologias diferentes que abordam muito das dicotomias entre o novo e o velho, o tradicional e a renovação, além de nostalgias, paradigmas, construção de identidade e laços familiares. Parece cabeça demais? Não é. Por isso Nota de Rodapé merece destaque nos filmes que ficaram em cartaz em 2013.
Estreou em 04/01/2013 |
Muitos consideram o filme do cineasta catalão Juan Antonio Bayona pura manipulação, mas eu prefiro ficar no time de quem percebe que o diretor realizou o filme catástrofe mais realista de todos os tempos. O Impossível retrata a devastação física e emocional de uma família em meio à tragédia provocada pelo tsunami ocorrido no natal de 2004. Mais do que efeitos especiais, o filme se concentra na forma como os cinco membros da família tentavam se reencontrar em meio aos destroços. Uma história real em particular que consegue universalizar a dor causada por uma das maiores catástrofes desse século.
Estreou em 10/05/2013 |
O QUE TRAZ BOAS NOVAS
Minha lista já estava quase pronta quando me deparei com esse filme canadense singelo e bastante interessante sobre a forma como uma escola enfrenta o suicídio de uma professora. A distância que separa professores, alunos e pais está presente durante todo o filme, que tem na figura tradicional de Bashir Lazar uma espécie de porto seguro para seus pequenos alunos. Entre um desentendimento aqui e outro ali, o filme consegue explorar a relação entre os personagens diante de um assunto delicado. Não é sempre que vemos um filme com atuações infantis de tão boa qualidade e amparadas por um roteiro que fala da dificuldade de nos relacionarmos com a morte.
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