Víbora e Wolverine: Wolvie goes to Japan!
No ano em que vários heróis arrecadaram bilheterias gordas, Wolverine: Imortal tornou-se o primo pobre da temporada, sendo o que menos arrecadou nos Estados Unidos. É verdade que a bilheteria mundial tornou o filme em sucesso, mas nada que o colocasse entre os dez mais vistos do ano. O problema deve ser que resolveram se inspirar nas aventuras orientais do mutante mais adorado das HQs. Quem se acostumou com a estética da série X-Men não está acostumada a ver tramas sobre a Yakuza, ninjas, samurais e ronins misturado com as garras de adamantium. Ainda que o filme siga a tendência de sua matriz em mesclar os mutantes com fatos históricos, Wolverine: Imortal acaba sendo menos interessante que o filme solo anterior do herói. A culpa não é de Hugh Jackman que continua honrando bem o personagem, mas da história sem profundidade que cerca o personagem em sua temporada cinematográfica no Japão. No início presenciamos o herói salvando um japonês da explosão da bomba atômica em Nagasaki, para anos depois ele ser convidado à ir para o Japão para que o mesmo possa demonstrar sua gratidão em seu leito de morte. Para os mais espertos, não precisa muito mais do que o diálogo estabelecido entre os dois personagens para entender o que está para acontecer. Já que Yuriko/Lady Letal aparecia com uma origem diferente na saga cinematográfica dos X-Men, o roteiro teve que investir na vilã Víbora (Svetlana Khodchenkova, querida, mude o nome artístico, esse é impossível de lembrar!) para garantir o grau de vilania da história. O filme resgata Yukio (Rila Fukushima), uma das wolviegirls favoritas do público: Mariko (vivida pela modelo magrela Tao Akomoto) além do Samurai de Prata... pena que a trama não consegue decolar. Ainda que seja interessante ver Wolverine padecendo sem seus poderes de cicatrização, para um filme de duas horas, a trama me pareceu um tanto arrastada. Parte disso se deve ao romantismo que insistem em injetar nas aventuras do mutante. Se no outro filme tivemos Silverfox, agora é a vez do herói ser assombrado por ter matado Jean Grey (Famke Janssen) e ficar tentando proteger Mariko. Talvez se Mariko fosse uma personagem mais interessante o filme também conseguiria ser. Escrita como uma donzela indefesa insossa, o maior segredo do filme parece ser o poder mutante da moça, mas ao final do filme nem nos damos conta de que ele não é revelado - já que isso parece pouco importar para o caminhar da trama. Além disso é uma confusão de gente querendo matar a moça que gastamos mais tempo tentando entender o que está acontecendo. Além disso, Tao Akomoto pode ter um rosto bonito, mas como atriz ela não funciona, nunca concretizando a química desejada com o protagonista. Mais interessante é Rila Fukushima na pele de uma Yukio bem diferente do gibi (que tinha cabelos curtos e escuros), que tem sua história mais bem trabalhada e coerente com o universo do herói. A inconsistência do roteiro pode ter sido o principal motivo para Daren Aronofsky (amigo de Jackman desde Fonte da Vida/2006) ter abandonado o projeto e terem escalado James Mangold. Mangold virou uma espécie de faz tudo em Hollywood, às vezes ele consegue ser bom (Copland/1997, Garota Interrompida/1999 e Johny & June/2005) mas na maioria das vezes fica devendo. Aqui ele não colabora para criar uma identidade aos filmes solo do herói, faz cenas de ação que funcionam, mas tem uma dificuldade enorme de segurar nossa atenção quando elas não estão acontecendo. Se existe um fator que diferencia esse de todos os outros filmes do mutante, é o nível de violência, cruelmente mais elaborada que nos outros - deve ser para compensar o romantismo usado para atrair a mulherada fanática pelo herói, mas o resultado é apenas irregular. Alguns poderão dizer que a melhor parte do filme é a pequena aparição de Magneto (Ian McKellen) e Professor Xavier (Patrick Stewart) num breve anúncio da próxima aventura dos mutantes da Marvel - e eu os entenderei perfeitamente.
Wolverine: Imortal (The Wolverine/EUA-Reino Unido) de James Mangold com Hugh Jackman, Rila Fukushima, Tao Akomoto e Famke Janssen. ☻☻
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