Hanks e Geena: no auge.
Tem filmes que conseguem me embriagar de nostalgia da década de 1990! Um delas é Uma Equipe Muito Especial de Penny Marshall. Apesar de ter mais trabalhos como atriz do que na direção, Penny conquistou algum reconhecimento depois de realizar Quero Ser Grande (1988) estrelado por Tom Hanks (que conseguiu sua primeira indicação ao Oscar pelo trabalho) e Tempo de Despertar (1990) que indicou Robert DeNiro ao Oscar de melhor ator e ainda concorreu aos prêmios de roteiro adaptado e melhor filme. Ou seja, na época, era uma das poucas diretoras que conseguiam se impor perante a Academia - nada mal para uma novaiorquina natural do Bronx. Em 1992 seu filme era um dos mais aguardados do ano, mas teve que se contentar somente com duas indicações ao Globo de Ouro (atriz de comédia/Geena Davis e Canção Original para This Used To Be My Plauyground de Madonna e Shep Pettibone). No entanto, Uma Equipe Muito Especial alcançou sucesso de bilheteria, com a história de um grupo de mulheres escaladas para jogar na liga nacional de baseball durante a 2ª Guerra Mundial - já que os homens estavam lutando na guerra. O filme de Marshall parte do relacionamento entre duas irmãs que são sondadas para participar dos jogos, uma é a craque Dottie (Geena Davis), a outra é a sempre ofuscada Kit (Lori Petty, uma promissora atriz dos anos 1990 que sumiu do mapa). As duas se juntam a uma equipe repleta de mulheres bem intencionadas, que vivem seus dramas enquanto tem que mostrar que são capazes de jogar tão bem quanto os marmanjos. O time feminino ainda conta com Madonna, Rosie O'Donnel e Anne Ramsey, todas sofrendo com as grosserias do astro do baseball em decadência Jimmy Dugan (Tom Hanks, bem divertido e diferente dos bons moços de seu currículo). O filme consegue ser bastante agradável, alguns vão dizer que exagera nas doses de açúcar em alguns momentos, mas o resultado consegue se equilibrar na difícil tarefa de fazer graça para não cair no dramalhão. No Brasil, filmes sobre o esporte costumam ter problemas, já que ele é pouco praticado por aqui e os diretores possuem grande dificuldade em tornar as partidas interessantes (basta lembrar que O Homem Que Mudou o Jogo/2011 evita as cenas em campo sob a desculpa de ser um filme sobre "algo maior"... sei...), mas isso não acontece aqui. Penny Marshall e o elenco conseguem emanar grande energia nas partidas - o que serve de contraponto para as intrigas nos bastidores que a liga feminina atravessava. Mesmo que explore pouco as coadjuvantes em cena (inclusive Madonna que recebe destaque no poster do filme), todas tem uma cena ou outra de algum destaque, mas o foco está mesmo nos dilemas de Dottie - seja nos conflitos com a irmã, na espera do esposo que está na guerra (vivido por Bill Pullman), ou a atração mal disfarçada que Dugan sente por ela enquanto discutem por boa parte do filme. Com a mensagem de toques feministas e a abordagem de um assunto pouco abordado nos cinemas (lembrei muito dos desafios e preconceitos que sofrem as mulheres que jogam futebol profissionalmente no Brasil), Uma Equipe Muito Especial ainda merece atenção pelo jeito aparentemente inofensivo que aborda questões que (apenas) julgamos terem sido superadas. Aproveitando o tom nostálgico do filme, não tem como não relembrar o período de ouro que atravessava o trio de atores no alto dos créditos. Nos anos 1990, Tom Hanks caminhava cada vez mais para o seu auge (nos dois anos seguintes estrelaria Filadélfia e Forrest Gump, que lhe tornaria o segundo ator na história a ganhar o Oscar de ator duas vezes consecutivas e ainda viria Apolo 13, a voz do cowboy Woody em Toy Story...) e Geena Davis estava na sua fase queridinha de Hollywood (o Oscar de atriz coadjuvante por O Turista Acidental/1988 estava na estante e havia acabado de saborear sua indicação por Thelma & Louise/1991 e os elogios por Herói por Acidente/1992). Completava o trio de estrelas a cantora Madonna, que ainda tentava um lugar ao sol no cinema (fez sucesso com Dicky Tracy/1990 - sua canção tema lhe rendeu o show mais memorável da história do Oscar - apareceu num filme de Woody Allen - Neblina e Sombras/1991 que eu detesto, mas falo disso depois - e o sucesso da canção Vogue a coroava de vez como a "Rainha do Pop"). Nos dias atuais de 2014, Tom pelejou para ter uma indicação ao Oscar e não conseguiu. Geena Davis está fora do mapa hollywoodiano há alguns anos e Madonna desistiu de ser atriz - e ambiciona ser cineasta (e teve que suar muito para vender dois milhões de cópias de seu último cd, MDNA).
Madonna: raro sucesso no cinema.
Uma Equipe Muito Especial (A League of Their Own/EUA-1992) de Penny Marshall com Geena Davis, Tom Hanks, Madonna, Lori Petty, Rosie O'Donnel, David Strathairn e Jon Lovitz. ☻☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário