Agora que a segunda parte de seu famigerado Ninfomaníaca chega aos cinemas brasileiros, parece que os mais desinformados perceberam que a obra de Lars Von Trier nunca quis ser um filme pornográfico. O dinamarquês é considerado por alguns como um gênio e outros o veem como um verdadeiro picareta (que utiliza a polêmica para vender seus filmes difíceis de digerir e que falam sempre da mesma coisa). Independente de sua opinião sobre ele, Trier vai de encontro com aquilo que Hollywood ainda hesita em reconhecer (e que Cate Blanchett deflagrou ao receber o Oscar desse ano): filmes que giram em torno de personagens femininas. É verdade que a maioria das atrizes que trabalharam com o cineasta tiveram suas crises, mas parece que ele finalmente encontrou sua maior musa! Mas qual das mulheres que comeram o pão que Lars Von Trier amassou você prefere?
5 Dançando no Escuro (2000) À operária imigrante Selma (Björk, premiada em Cannes) sofre de uma doença degenerativa na visão que em breve irá vitimar seu filho também. Para evitar isso, a personagem junta suas economias para curá-lo, só que ela acaba roubada e sendo presa quando resolve pegar o dinheiro de volta. Pegue agora todo esse drama e transforme em um musical de denúncia social. O que era para ser uma crítica ao capitalismo foi visto como um filme antiamericanista (e o diretor alimentou ainda mais isso em entrevistas). Apesar dos prêmios (incluindo a Palma de Ouro em Cannes) e a indicação ao Oscar de Melhor Canção (para a triste I've Seen It All, uma das estranhas músicas cantadas no filme), Björk disse que Trier era um pornógrafo emocional e que jamais trabalharia com ele novamente (na verdade ela nunca mais atuou no cinema).
4 Melancolia (2011) Mesmo após os comentários infelizes do diretor no Festival de Cannes (onde o filme foi exibido pela primeira vez), a atuação de Kirsten Dunst lhe garantiu o prêmio de melhor atriz no Festival pela noiva deprimida que mostra-se conformada com o fim do mundo que se aproxima. Falando sobre a colisão de um planeta gêmeo (que dá nome ao filme) com a Terra, Trier desenvolve com maestria a relação dicotômica de das irmãs Justine (Dunst) e Claire (Charlote Gainsburg) com o fim que se anuncia. Enquanto uma se desespera diante do fim de todas as possibilidades que a vida lhe prometia, Justine vê no apocalipse uma espécie de cura. O ponto alto de Melancolia é a narrativa solene, quase operística, que o cineasta propõe ao espectador.
3 Ondas do Destino (1996) Quem colocou as mulheres do cineasta no radar das premiações foi Emily Watson na pele de Bess McNeill. Bess estava feliz da vida com o casamento, até o dia em que seu esposo (vivido pelo muso de Trier, Stellan Skarsgaard) sofre um acidente e a coisa se complica. Impossibilitado de manter relações sexuais com a esposa, Jan convence a mulher a realizar uma difícil jornada em busca de novos parceiros. O fator religioso aqui já se mostra bastante presente na obra do cineasta, já que ela acredita que seu sacrifício irá curar o esposo. Pela excepcional performance, Emily tornou-se a primeira (e única) indicada ao Oscar de atriz por um filme do polêmico cineasta.
2 Anticristo (2009) Foi neste filme que Lars Von Trier encontrou sua alma gêmea no cinema. Charlotte Gainsburg foi eleita a melhor atriz em Cannes pela sua personagem atormentada pela morte do filho. De nada adianta ela fugir para uma cabana no meio do mato com o esposo (Willem Dafoe) para esquecer os problemas, afinal, todos eles estão todos dentro de sua cabeça. Trier cria um filme de terror com altas doses de erotismo, onde a psicologia é o alvo num num universo onde o homem é tratado como ameaça pela natureza. Animais falantes, barulhos de sementes caindo, corvos e segredos fazem o casal ter a discussão de relação mais radical que já se viu numa tela. Aqui existem alguns elementos que retornam em Ninfomaníaca, incluindo a (corajosa) atriz que virou musa do dinamarquês.
1 Dogville (2003) Nicole Kidman merece o topo da lista por sua personificação da personagem a que Lars elaborou uma trilogia somente para ela. Grace é a protagonista misteriosa de Dogville, cidadezinha americana no meio do nada, cujos personagens se lambuzam nas mazelas da Grande Depressão. Mais do que uma intrusa num grupo de pessoas, Grace é usada para uma espécie de "experiência social" - e acaba sendo escravizada e sofrendo abusos físicos e psicológicos. Mas na cidade do cão chamado Moisés, quem ri por último, ri (pelo menos) mais alto. Grace ainda apareceu em Manderlay (2005) uma fazenda que ainda tinha escravos (mas lá ela tinha a cara de Bryce Dallas Howard). Trier ainda fala de lançar a última parte da trilogia que desbrava as mazelas americanas: Wasington (assim mesmo, sem "h"). Os fãs aguardam a conclusão da saga sem cenário.
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