Cinco irmãs: a repressão na cultura turca.
O representante da França no Oscar de Filme Estrangeiro de 2016 despertou estranhamento por ser ambientado na Turquia, contar com atores turcos e... ser totalmente falado em turco. O fato é que os franceses caíram de amores por essa co-produção com a Turquia, Alemanha e Qatar que foi exibido no Festival de Cannes e começou uma bela carreira em festivais e premiações. O filme conta uma história de repressão feminina na Turquia nos dias de hoje, onde algumas famílias insistem em manter uma educação rígida e ultra-tradicional às garotas, o que muitas vezes gera situações trágicas. A história foca numa família onde cinco irmãs são criadas pela avó (Nihal G. Kodas) e pelo tio rigoroso (Ayberk Pekcan). No início elas são alegres e esperançosas, mas depois de uma fofoca na vizinhança, começam a ser submetidas à uma educação cada vez mais rígida e voltada para o casamento - ao ponto de se tornarem praticamente prisioneiras dentro da própria casa. Tamanha rigidez influi na colocação de grades pela casa, inibição de qualquer forma de diversão, armação de casamentos e algumas desventuras que se tornam cada vez mais graves. Deniz Gamze Ergüven realiza um filme seco, sem uso de trilha sonora, ou maior detalhamento dos personagens, de forma que as cinco irmãs são apresentadas como um grupo de adolescentes irmãs e suas reações enquanto são tolhidas. Com exceção da caçula Lale (Günes Sensoy), que narra a história, as outras personagens tem os traços mais marcantes revelados quando o inevitável casamento se aproxima. São nesses momentos que descobrimos um pouco mais sobre Dur (Doga Zeynep Doguslu), Selma (Tugba Sunguroglu), Ece (Elit Scan) e Sonay (Ilayda Akdogan) e uma prévia do que o futuro lhes reserva. O filme me lembrou a história de As Virgens Suicidas (1999), famoso filme de estreia de Sofia Coppola, mas Deniz Gamze Ergüven não tem o menor interesse em fazer seu filme ter um apelo popular. Com cenas cotidianas que parecem improvisadas, alguns momentos cômicos e outros intensamente dramáticos, Cinco Graças aborda um tema interessante mas sua narrativa não impressiona.
Cinco Graças (Mustang/Turquia - Alemanha - Qatar - França/2015) de Deniz Gamze Ergüven com Günes Sensoy, Nihal G. Kodas, Günes Sensoy, Doga Zeynep Doguslu, Tugba Sunguroglu, Elit Scan, Ilayda Akdogan. ☻☻☻
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