Tobey: a dura vida de um ex-Spiderman.
Com Capitão América: Guerra Civil o cinema dá as boas vindas a um novo Homem Aranha, o mais jovem que já se viu nas telas - em elogiada atuação do ótimo Tom Holland. Ironicamente, o milionário filme da Marvel divide espaço nas telas brasileiras com o primeiro (e celebrado) Spiderman do cinema: Tobey Maguire. Apesar de não aparentar, Tobey completa 41 anos em breve (27 de junho), mas a carreira de quem já foi um dos jovens atores mais promissores de Hollywood já viveu dias melhores. Desde que abandonou a franquia aracnídea em 2007 o ator apareceu em apenas cinco produções que não empolgaram público ou crítica. Seu último trabalho é este O Dono do Jogo, com o qual ambicionava ser indicado ao Oscar de melhor ator, mas foi ignorado em todas as premiações. O filme conta a história dos dilemas do campeão de xadrez Robert Fischer (Maguire), que em meio à Guerra Fria, "Bobby" tornou-se um herói americano por derrotar seus oponentes russos, conhecidos como os melhores nas competições do ramo. Seu maior oponente foi Boris Spassky (Liev Schreiber), campeão mundial diversas vezes e um verdadeiro símbolo da União Soviética. A história é mais do que promissora ao escolher um tema que reflete bastante o clima do período, onde tudo era motivo de disputa entre o bloco comunista e o capitalista. Da corrida espacial, aos avanços armamentistas, tudo era motivo para que uma nação vendesse que o seu regime sócio-político-econômico era melhor que o outro - e isso afetava até as competições de xadrez. Fischer e Spassky tinham plena consciência disso, mas o filme transforma essa tensão quase que uma paranoia dos famosos enxadristas. Esse é uma das grandes falhas do filme. Mais uma vez, Edward Zwick é um diretor preocupado demais em ser correto e se desviar de polêmicas - tornando uma boa história ao ponto de tornar-se insípida. Aqui ele alivia a tensão entre EUA e Rússia e transforma a disputa numa espécie de culto às celebridades e suas excentricidades, deixando o tom paranoico apenas no imaginário de Fischer (as cenas em que parece haver sempre alguém espionando Fischer não contam, já que o artifício não vai a lugar algum na história). É verdade que o personagem vivia sob uma eterna tensão que o levou à loucura, mas o roteiro trata isso como se nascesse quase que espontaneamente na personalidade de Robert (e a sua infância aparece aligeirada demais para convencer de que a fonte de todos os seus males estava ali). O filme segue arrastado por quase duas horas, andando nos círculos de uma edição confusa que tenta mostrar o quanto Fischer flertava com o colapso, que o deixava tão genial como chato - ao ponto de termos pena de todos os que convivem com ele, especialmente o padre Bill Lombardy (Peter Sarsgaard) e o agente Paul Marshall (Micahel Stuhlbarg). No entanto, o trunfo do filme é o elenco, que faz milagres com uma narrativa que deixa a desejar. O Dono do Jogo só empolga nas última partidas de xadrez mas demora muito para chegar até lá - penso que nas mãos de Darren Aronofsky o filme teria sido uma obra-prima, Ao final, a cinebiografia expressa um certo desconforto histórico diante da jornada de Fischer, que terminou longe do xadrez e exilado na Islândia. Uma história triste que merecia um tratamento muito melhor.
O Dono do Jogo (Pawn Sacrifice/EUA-2015) de Edward Zwick com Tobey Maguire, Liev Schreiber, Peter Sarsgaard, Sophie Nélisse e Michael Stuhlbarg. ☻☻
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