Blythe: uma atriz de respeito.
A veterana Blythe Danner atua desde os anos 1960, tendo mais de cem trabalhos no currículo, seja na TV ou no cinema (onde já trabalhou com diretores importantes do porte de Woody Allen, James Ivory e Costa-Gravas). Porém, a atriz (sempre elegante) ficou mais conhecida quando sua filha Gwyneth Paltrow também enveredou pelo mundo do cinema. Gwyneth ganhou um Oscar de melhor atriz em 1998 por Shakespeare Apaixonado, mas a Academia nunca rendeu o mesmo reconhecimento à Blythe - que geralmente serve como coadjuvante de peso em filmes de diversos gêneros. Em 2015 houve uma forte campanha para que esse fato fosse modificado com seu reconhecimento por Reaprendendo a Amar, simpática comédia dirigida por Brett Haley, em que Danner tem chance de brilhar como a protagonista Carol Petersen. Carol é uma senhora da faixa dos setenta anos que vive em um confortável condomínio para idosos. Viúva e com uma filha independente (Malin Akerman), Carol leva uma vida tranquila fazendo caminhadas e se encontrando com as amigas e viver um romance não lhe apetece há tempos. Sua rotina muda quando o cão de estimação adoece e ela começa a ter que lidar com a solidão. Embora o roteiro sugira a necessidade de um romance na vida da protagonista, a ideia é explorada de uma forma diferente, acontecendo espontaneamente, quase que por acaso quando ela se encontra com Bill (Sam Elliott), que nunca esconde o seu interesse por ela. Danner constrói uma mulher madura atraente e interessante não por se comportar feito uma adolescente, mas por ser exatamente uma mulher com muitos anos de vida e vivências. Essa bagagem de vida acumulada se reflete bastante nos diálogos da personagem com as amigas e sobretudo quando ela contracena com o limpador de piscina Lloyd (o ótimo Martin Starr). Não sei se era a intenção, mas pode se dizer que existe uma química de outro mundo entre Blythe e Martin, afinal, ainda que o roteiro não invista num romance entre os dois, alguns dos momentos mais interessantes do filme acontecem quando os dois estão juntos em cena. No fim das contas, a sutileza com que o diretor traça o cotidiano da personagem compõe o diferencial da história, que de maneira simples se distancia do óbvio, mesmo quando o roteiro investe em alguns momentos clichê (a cena do barato das senhoras é um desses). O final irônico não deixa de ser uma ode à independência da personagem e sugere ao espectador tudo que ainda pode acontecer na vida de Carol. Blythe Danner, ao ser premiada em vários festivais de filmes independentes em 2015 prova que a vida continua produtiva aos setenta!
Reaprendendo a Amar (I'1l see you in my Dreams/EUA-2015) de Brett Haley com Blythe Danner, Martin Starr, Sam Elliot, June Squibb, Mary Kay Place, Rhea Perlman e Malin Akerman. ☻☻☻
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