O Mundo dos Pequeninos: detalhes ampliados.
Continuando minha apreciação agradecida à Netflix por disponibilizar os filmes do estúdio Ghibli, comentarei mais três filmes deste irresistível pacote de animações japonesas. Começarei esta postagem por O Mundo dos Pequeninos que é a versão de Hirosama Yonebayashi para o livro de Mary Norton (que já foi adaptado em Os Pequeninos/1997, filme britânico com John Goodman e Jim Broadbent do qual ninguém lembra). Quando vi a pequenina Arietty a minha referência era o clássico A Polegarzinha, mas esta história segue um caminho completamente diferente. Arietty e sua família vivem escondidos num casarão há anos. A sobrevivência deles depende se catar coisas durante a noite e a rotina é abalada com a chegada de novos moradores naquela casa. Entre os novos moradores está um menino com problemas de saúde que acredita que não viverá muito. Ele que descobre a existência da pequenina Arietty na casa e a amizade entre os dois acabará colocando em risco a vida da família da pequenina. A partir de uma história de amizade, o filme compõe uma bela história de fantasia que é puro pretexto para o detalhamento. que é a marca registrada do estúdio, aparecer de forma ampliada. As plantas, os objetos em miniatura, os insetos, as gotas... tudo aparece em um capricho que transforma o filme num espetáculo visual irresistível. A protagonista também é puro carisma em suas aventuras e coragem! Aqui Yonebaiashi já demonstra grande sensibilidade ao lidar com seus personagens (e ele aprofundou isso ainda mais no premiado As Memórias de Marnie/2014 que foi indicado ao Oscar, além de seu trabalho mais recente Heróis Modestos/2018, ambos na Netflix). O Mundo dos Pequeninos é um filme irresistível e ainda lança um olhar bastante crítico na forma como algumas pessoas tendem a achar que outros seres podem ser tratados como brinquedos. Muito mais dramático é Da Colina Kokuriko, segundo filme dirigido pelo filho de Hayao Miyasaki. O longa tem o maior jeito de drama adolescente com sua trama ambientada em uma escola e um segredo envolvendo o casal principal. A animação conta a história de um movimento estudantil para salvar um prédio antigo da demolição sob o pretexto da construção de instalações para as Olimpíadas de 1964. Porém, o que é apresentado como trama principal serve como pano de fundo para um roteiro que aborda valorização busca pelas origens e valorização da história.
Da Colina Kokuriko: drama romântico adolescente.
A mocinha do filme é a doce Umi, que é responsável pelos afazeres domésticos da casa em que reside e que acaba se aproximando de um líder estudantil chamado Shun. Os dois ficam cada vez mais próximos, até que paira uma suspeita de parentesco entre os dois. Este é o ponto de partida para que o passado das famílias de ambos seja esmiuçado e o romance entre os dois é abordado de forma muito sutil, mas ousa em sugerir uma situação de incesto. Mais uma vez o visual do filme é um grande destaque, com detalhes urbanos e na paisagem natural, com destaque para a vista que Umi possui da colina do título, que lhe proporciona uma verdadeira pintura em movimento da baía com os navios que chegam e vão embora. Não por acaso, o mar tem importância fundamental no roteiro que ainda encontra espaço para críticas sociais da busca pela modernidade sem reconhecer o valor do passado. Não por acaso, a trama contra com muitos personagens adolescentes em defesa de um espaço que não pode ser destruído. Depois que o primeiro filme de Goro Miyasaki (Contos de Terramar/2011) não vingou e foi considerado pretensioso demais, este aqui contou com maior participação de seu pai na confecção do roteiro (baseado num mangá da década de 1980) e no conceito, sendo melhor recebido pela crítica mundial. Bem mais simples é a história de Meus Vizinhos, os Yamadas (1999) que acompanha a família do título em uma série de situações cotidianas de forma que mistura doses de poesia, comédia e fantasia. O resultado é bem gostoso de assistir, embora a ausência de um fio condutor deixe a impressão de assistirmos vários episódios de um desenho animado. Ambientado num Japão contemporâneo, o traço do filme é mais simples, quase um rascunho, o que se torna uma brincadeira em vários momentos em sua estética quase infantil, mas bastante estilizada. O uso de aquarela também confere ao filme um visual bastante particular e o mais curioso é que este foi o primeiro filme totalmente digital do Estúdio Ghibli. O filme traz um grupo de personagens bastante simpático e faz humor com temas como casamento, relação pai e filho, o cotidiano de marido e esposa, comidas, domínio do controle remoto, esquecimento e até vizinhos barulhentos. O filme de Isao Takahata é uma adaptação de uma popular tirinha de jornal japonesa criada por Hisaichi Ishii.
Os Yamadas: humor, poesia e fantasia (reparem o caracol gigante).
O Mundo dos Pequeninos (Kari-gurashi no Arietti - Japão / 2010) de Hirosama Yonebayashi com vozes de Moises Arias, Bridgit Mendler, David Henrie, Carol Burnett, Will Arnett, Amy Poehler e Saoirse Ronan e Tom Holland. ☻☻☻☻
Da Colina Kokuriko (Kokuriko-zaka kara - Japão / 2011 ) de Goro Miyazaki com vozes de Masami Nagasawa, Jun'ichi Okada, Keiko Takeshida e Jun Fubuki. ☻☻☻☻
Meus Vizinhos, os Yamadas (Hôhokekyo tonari no Yamada-kun - Japão / 1999) de Isao Takahata com vozes de Yukiji Asaoka, Tôru Masuoka e Masako Araki. ☻☻☻
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