quinta-feira, 23 de abril de 2020

PL►Y: Holmes & Watson

Reilly e Ferrell: pura  troça com personagens clássicos. 

Ganhador do Framboesa de Ouro nas categorias de Pior Filme, Pior Diretor e Pior ator coadjuvante (John C. Reilly), além de indicado a pior ator (Will Ferrell) e pior dupla (Ferrell e Reilly), o filme Holmes & Watson se tornou um daqueles micos cinematográficos que de vez em quando Hollywood faz tão bem. Eu acho um exagero o filme ser tão odiado, já que o que ele faz é pura brincadeira com dois personagens icônicos da literatura inglesa. A ideia de avacalhar personagens conhecidos não é novidade, mas depende muito do nível de criatividade do autor da empreitada e a disposição da plateia entrar na brincadeira. Depois das versões repaginadas que Sherlock Holmes e Dr. Watson receberam ao longo dos anos, esta poderia ser apenas mais uma, mas os tropeços do roteiro em algumas baixarias atrapalham o desenvolvimento do conjunto que até apresenta algumas piadas interessantes. Para começar o maior sacrilégio é colocar dois atores americanos nos papéis principais. Will Ferrell é bem conhecido e suas comédias seguem uma linha bastante característica, geralmente sendo o mais idiota possível (e aqui ele capricha num estranho sotaque britânico). Reilly já fez papéis mais variados em sua carreira (foi até indicado ao Oscar como o esposo traído de Chicago/) , mas já fez alguns filmes ao lado do colega e gostou do resultado. Aqui Ferrell é Sherlock e Reilly é seu fiel parceiro Dr. Watson, só que o roteiro de Etan Coen (roteirista de Trovão Tropical - e favor não confundir com o irmão do Joel Coen), o filme brinca o tempo inteiro com a relação entre os dois, desde o momento em que se conheceram até o desdobramento inusitado de uma investigação envolvendo um atentado à Rainha da Inglaterra. Repleto de anacronismos e besteirol, não espere lógica nesta produção ou qualquer resquício da genialidade do famoso detetive, aqui seus cálculos geralmente resultam em vexames, sua astúcia se confunde com arrogância, seu vício em cocaína é alvo de deboches e suas conclusões são as mais cretinas possíveis. Trata-se de um Sherlock de outra dimensão, uma antítese da famosa criação de Sir Arthur Conan Doyle. A investigação em si não faz diferença, a participação de seu inimigo Mortiarty (Ralph Fiennes caindo na brincadeira) nunca se concretiza e as personagens femininas se dividem entre a inteligente doutora Grace Hart (Rebecca Hall, subaproveitada), a exótica Millicent (Laurent Lapkus) e a criada Mrs. Hudson (Kelly MacDonald) que tem entre seus amantes Albert Einstein e até Carlitos!! Holmes & Watson é uma típica paródia americana, tem algumas piadas que funcionam, outras que não servem para nada e um tom irregular que atrapalha em vários momentos, mas serve para passar o tempo e dar alguma risada, nem que seja pela cara de pau dos envolvidos. 

Holmes & Watson (EUA/Canadá - 2018) de Etan Coen com Will Ferrell, John C. Reilly, Kelly MacDonald, Rebecca Hall, Laurent Lapkus, Bob Brydon e Ralph Fiennes. 

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