Harris, Zac, Stanley e Jeremy: a maldição dos Von Erich. |
Conforme dito ao final do filme, a família Von Erich se tornou uma das famílias mais importantes da luta livre dos Estados Unidos, mas após mais de duas horas de projeção a pergunta que vem à mente do espectador é: a que preço? Fosse uma história de ficção, provavelmente o público e a crítica chegariam a um consenso de que o novo filme de Sean Durkin (dos elogiados O Refúgio/2020 e Martha Marcy May Marlene/2011) é um exagerado amontoado de tragédias. Como é uma história real, resta ficar impressionado com todos os acontecimentos que atravessam a família Von Erich. O clã é chefiado pelo patriarca Fritz Von Erich (Holt McCallany), que ficou famoso nos ringues com sua figura de vilão e seu golpe que dá nome ao filme (que consiste em apertar com uma mão o topo da cabeça do adversário até que a dor se torne insuportável), como a carreira de Fritz nunca avançou muito, ele passou a investir nos filhos, que ao longo dos anos 1980 se tornaram lutadores famosos. Kevin (Zach Efron) é o responsável por conduzir a narrativa, contando como foi se tornar o mais famoso dos manos, sendo seguido por David (Harris Dickinson) e Kerry (Jeremy Allen White), este aderindo às lutas depois que a carreira de arremessador de discos não deu certo. Existe ainda o caçula, Mike (Stanley Simons), que preferia seguir a carreira de músico em uma banda de rock, mas para acatar as vontades do pai se tornou lutador também. Paira sobre os quatro não apenas a figura paterna sufocante de Fritz, mas também a suspeita de que o nome Von Erich trouxe para eles uma verdadeira maldição. Se esta ideia começa com a morte do primogênito (que não recebe muito destaque na trama para amenizar um pouquinho o tom de tragédia), ela fica cada vez mais forte conforme uma série de acontecimentos sombrios recaem sobre os manos. São acidentes, doenças e mortes que fazem com que o espectador comece a acreditar que existe realmente uma maldição ali. Esta é a impressão que passa a tomar cada vez mais a mente de Kevin, que apesar de ter um casamento feliz com Pam (Lily James), começa a temer sob o seu futuro e dos seus filhos. No entanto, aos poucos, ele começa a ter a mesma sensação do espectador, de que muitas daquelas situações poderiam ser evitadas se não houvesse sobre eles a presença de uma figura paterna tão tóxica. Se Holt McCallany consegue injetar algumas nuances ternas no início do filme, a coisa ganha contornos cada vez mais assustadores quando recai sobre os ombros cansados de Kevin a missão de carregar o nome da família e os conflitos com o patriarca se tornam inevitáveis. A história é forte, o elenco é afiadíssimo, a reconstituição de época impressiona, mas o resultado se torna um tanto cansativo devido à duração extensa, no entanto, Garra de Ferro surpreende pela história verídica inacreditável que resolveu contar.
Garra de Ferro (The Iron Claw / EUA - 2023) de Sean Durkin com Zac Efron, Holt McCallany, Jeremy Allen White, Harris Dickinson, Lily James, Maura Tierney e Stanley Simons. ☻☻☻☻
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