Indicado ao Oscar de animação deste ano, Gato de Botas está chegando às locadoras. Desde que o personagem apareceu pela primeira vez em Shrek 2 a Dreamworks estava aflita em lançar a aventura solo do gato com voz de Antonio Banderas. Apesar do sucesso de bilheteria, a crítica não se empolgou muito com o longa. Talvez porque mantém aquela brincadeira com o universo das histórias infantis que consagrou o ogro verde ou pelo aspecto estereotipado da latinidade do bichano. São nessas horas que fico pensando o que as pessoas esperam de um desenho animado fruto de uma franquia milionária e consagrada pelo humor. Em termos de diversão, Gato de Botas é infinitamente melhor do que os dois últimos filmes do Fiona & Cia (e muito mais engraçado) sem perder a magia que 80% dos filmes que brincam com personagens clássicos não conseguem nem o pó. É verdade que do personagem original da literatura de Charles Perrault só ficou a esperteza, uma vez que o roteiro mistura o felino com referências à João e o Pé de Feijão, Alice no País das Maravilhas e Mamãe Gansa, agora, dizer que o filme é desinteressante é um grande equívoco. O filme pretende lavar a roupa suja entre Gato de Botas e seu amigo, quase irmão Humpty Alexandre Dumpty (Zach Galifianakis), os dois se encontram por acaso e entre ambos está a gatinha Kitty (vox de Salma Hayek). Além de deixar claro que os dois tem uma pendenga a resolver, o filme mostra a infância de ambos num orfanato, o passado de golpes e a busca de ambos pelos lendários feijões mágicos (sem esquecer a origem daquele famoso olhar que consagrou o personagem). Depois as vidas dos manos segue caminhos diferentes, Gato de Botas se torna um herói enquanto Humpty é perseguido pela polícia. Mas a fase heróica do gato não demora muito, sendo logo considerado um fugitivo da lei. Estando do mesmo lado, percebemos que Humpty é mais ardiloso do que aparenta nas aventuras que viverão na busca pelo castelo do gigante e sua gansa que põe ovos de ouro. Da mesma forma existe uma química irresistível entre Gato e Kitty. Com trilha latina, a animação do filme é de primeira, com o cuidado recorrente do estúdio aos mínimos detalhes (fique atento aos movimentos do ovo rolando, que são perfeitos). É uma animação fácil de assistir e gostar com o tempero da nostalgia de uma época em que éramos crianças e fantasias tornavam nosso mundo mais interessante. Quando o filme foi lançado nos cinemas poucos amigos meus lembravam do personagem Humpty que é um bocado bizarro para a criançada. Trata-se de um ovo antropomórfico, com rosto, braços e pernas que aparece em várias obras literárias, tendo o seu primeiro registro num verso dos contos da mamãe gansa (o personagem serve até de inspiração para uma bela música da banda escocesa Travis chamada "The Humpty Dumpty Love Song") e não deixa de ser interessante seus dilemas em não ser um homem ou um ovo que nunca será chocado. Com calorosa ambientação na cidade de San Ricardo, Gato de Botas tem tudo para conquistar ainda mais o público infantil em DVD e comprova que o melhor papel de Antonio Banderas ainda é o bichano. Eu já aguardo a sequência.
Gato de Botas (Puss in Boots/EUA-2011) de Chris Miller com vozes de Antonio Banderas, Salma Hayek, Zach Galifianakis e Billy Bob Thornton. ☻☻☻
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