Coisa de Ninja: falta o terceiro ato.
Há quem possa se surpreender em imaginar que fazer uma adaptação das Tartarugas Ninja para a telona não é uma tarefa fácil. Ao longo de 25 anos, os personagens dos quadrinhos criados por Kevin Eastman e Peter Laird os personagens já viraram brinquedos, animações para a TV (em 1987, 2003 e 2012), seriado (em 1997) e já rendeu quatro filmes para o cinema. O primeiro foi realizado de forma independente, lançado em 1990, custou apenas 13 milhões de dólares e arrecadou mais de duzentos milhões ao redor do mundo. Com atmosfera sombria e atores desconhecidos no elenco, o filme chamou atenção para o lucro milionário que as tartarugas poderiam ter no cinema. No ano seguinte foi lançado As Tartarugas Ninja - O Segredo do Ooze que foi mais bem humorado com a intenção de chamar mais crianças para o cinema. Ainda mais diluído foi As Tartarugas Ninja 3 (1993), que levou os heróis de volta no tempo para o Japão Feudal. A bilheteria não empolgou e o estúdio engavetou os personagens até 2007 - quando lançaram As Tartarugas Ninja - O Retorno. Apesar da estreia promissora, o filme não alcançou o sucesso desejado e no ano passado o clã mutante recebeu mais uma chance no cinema. Em termos de produção, essa versão assinada por Michael Bay é a mais caprichada. Fotografia, edição, efeitos especiais, trilha sonora... toda a parte técnica tem tudo o que um blockbuster deseja (tanto que o público lhe concedeu mais de quatrocentos milhões de bilheteria ao redor do mundo). No entanto, o filme pode ser dividido em duas partes. A primeira é a parte em que a repórter April O'Neil (Megan Fox, que aprendeu que é muito melhor como coadjuvante do que como protagonista) começa a investigar um clã criminoso chamado Clã Foot e descobre que um grupo de justiceiros misteriosos, especialista em artes marciais também está no caminho dos criminosos. Ela descobre que o grupo é formado por quatro tartarugas mutantes que possuem uma ligação com seu passado. As tartarugas foram parte de um experimento científico e criadas no esgoto por um rato de laboratório alterado geneticamente chamado Splinter (Tony Shalhoub). Não demora muito para que os vilões comecem a procurá-los - e April descubra que um amigo de seu pai, o cientista Eric Sacks (William Fichtner) é menos confiável do que parece. Quem já conhece os personagens deve estranhar a forma como o roteiro apresenta tudo amarradamente redondo já na primeira hora de filme - sem deixar muito mistério para o resto da exibição. O engraçado é que depois de dar os passos iniciais apresentando Leonardo, Donatello, Rafael e Michelangelo, o filme mergulha em sua segunda parte: somente cenas de ação até que chegue o final. Crianças e adolescentes não irão reclamar, mas falta um arremate coerente com o início da sessão. Muita correria, barulhos, piadinhas, referências de cultura pop toma o lugar do desenho dos personagens que se anunciava e todos viram coadjuvantes da ação, que carece uma conclusão para essa nova aventura. Houve quem reclamasse do visual das novas tartarugas, mas eu gostei. As novas Tartarugas Ninja do cinema parecem mais realistas fisicamente, sendo menos fofinhas. Finalmente Leonardo e seus amigos recebem o trato de super-heróis na telona, porém, ainda falta um roteiro melhor para o quarteto.
As Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles/EUA-2014) de Jonathan Liebesman com Megan Fox, Johnny Knoxville, Tony Shalhoub, William Fichtner e Will Arnet. ☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário