Serkis como César: como manter a liderança.
Depois do sucesso do reboot iniciado com Planeta dos Macacos - A Origem, a continuação da repaginada série cinematográfica era uma das mais aguardadas do ano passado, tanto que o estúdio não poupou despesas para tornar o filme um sucesso (ou seja, se o primeiro custou 93 milhões, o segundo custou aproximadamente 170 milhões - o que torna sua possibilidade de lucro um pouco mais complicada). Lançado, a bilheteria em solo americano não empolgou, mas, assim como o primeiro, a bilheteria mundial garantiu o sucesso da franquia. O curioso é que senti menos falta do elenco anterior do que da direção emocional impressa por Rupert Wyatt, que foi substituído por Matt Reeves (que também assinará o terceiro capítulo da trilogia: Guerra no Planeta dos Macacos - previsto para 2017). Reeves já provou ser um bom diretor (embora seu melhor momento seja o subestimado Deixe-me Entrar/2010), mas aqui eu senti todo o peso de uma produção milionária sobre suas costas. Se a cena inicial é um primor de concisão ao explicar os acontecimentos que ocorreram após o primeiro filme, existe um contraste inevitável com a arrastada parte inicial do longa. Depois que César fugiu para o bosque ao lado de outros de sua espécie, uma misteriosa dizimou parte da humanidade, deixando apenas poucos imunes vivos. No entanto, as condições de vida foram bastante comprometidas, principalmente com o problema de fornecimento de energia. É justamente a busca por uma represa abandonada que fará o encontro dos humanos com os seguidores de César (novamente com a tecnologia amparada pela interpretação de Andy Serkis) mais uma vez, já que o grupo liderado por Malcolm (Jason Clark) aos poucos ganhará a confiança de César e da macacada (até que um ato de traição comprometa a diplomacia entre macacos e humanos). Reeves consegue construir cenas de ação elaboradas, mas até chegar lá o filme se arrasta demais para mostrar como se organizou a sociedade símia no bosque dos arredores de São Francisco. O foco do filme é César perceber que sua principal lei ("Macaco não mata Macaco!") está em risco e que, macacos e o humanos tem mais semelhanças políticas do que ele imagina. Para além dos efeitos especiais impressionantes (mais uma vez indicados ao Oscar), acho que o elemento que torna o filme interessante é como permanece sustentado nas entrelinhas da clássica saga iniciada na década de 1960. Quem a assistiu percebe a coerência entre os dois momentos cinematográficos inspirados no livro de Pierre Boulle, como se as histórias estivessem sempre ali, apenas aguardando para serem contadas numa telona. Não sendo tão bem resolvido quanto o anterior, Planeta dos Macacos - O Confronto, mostra-se a típica continuação que serve de recheio para uma trilogia, ou seja, dá a impressão que está no meio do caminho.
Planeta dos Macacos - O Confronto (Dawn Planet of the Apes/EUA-2014) de Matt Reeves, com Andy Serkis, Jason Clark, Gary Oldman, Keri Russell e Kodi Smit-McPhee ☻☻☻
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