Firth e Emma: romance à moda antiga.
Ano passado foi especial para Emma Stone. Fazia tempo que a jovem atriz queria ser levada a sério em Hollywood e, de fato, conseguiu. Recebeu sua primeira indicação ao Oscar (de atriz coadjuvante) por sua atuação no genial Birdman, foi a celebrada como a única coisa que prestava no horrendo O Espetacular Homem Aranha 2 - A Ameaça de Electro e tornou-se a nova musa de Woody Allen. Esse ano ela estará em The Irrational Man ao lado de Joaquin Phoenix, provando que o cultuado diretor gostou do seu trabalho no mediano Magia ao Luar. Todo mundo sabe que Allen mantém a invejável carga de trabalho de realizar um longa por ano e, ninguém mais fica surpreso, quando após um grande sucesso (no caso, o premiado Blue Jasmine/2013), Woody lança um filme despretensioso, que vai mal das pernas na bilheteria e acaba agradando somente seus fãs mais fervorosos. Magia ao Luar é um filme até simpático em sua simplicidade. Ambientado em 1928 com belas locações da Côte D'Azur, o filme conta do encontro de um ilusionista Wei Ling Soo, ou melhor, Stanley (Colin Firth), que atende ao pedido de um amigo para desmascarar uma médium suspeita de charlatanismo. A tal médium se chama Sophie (Emma Stone) e torna-se queridinha de uma família endinheirada. Suas revelações e truques como batidas na mesa e velas flutuantes, a torna tão querida que o herdeiro da família milionária, Brice (o subestimado Hamish Linklater), cai de amores por ela e a pede em casamento. Sempre desconfiado, Stanley se aproxima de Sophie, percebe como ela tem a chance de sair da vida de americana pobre para outra mais nobre e, ao mesmo tempo, começa a desconfiar que a moça realmente pode ter um canal direto de comunicação com o além. A melhor parte fica por conta dos embates entre Stanley e Sophie, feitos de provocações sobre o conflito entre o ceticismo dele e a esperança e conforto que os "dons" dela trazem para pessoas que precisam lidar com a morte de alguém querido. Quando até nós passamos a querer acreditar na personagem (defendida com doses cavalares de carisma por Stone), deixamos de nos preocupar com o fato de Sophie ser uma farsante para nos preocupar com o vácuo que a ausência daquele conforto pode provocar em quem depende de seus "dons" para lidar com o fim da vida. Pena que a narrativa pareça um tanto frouxa até chegar em sua cena final, que revela que, no fundo o filme deseja ser da metade do século XX, onde uma Hollywood mais ingênua adoraria um filme feito esses. A produção é bem cuidada, com figurinos e cenários corretos, bela fotografia e edição eficiente, mas Woody parece apressado e entrega um roteiro que explora menos suas intenções do que deveria.
Magia ao Luar (Magic in the Moonlight/EUA-2014) de Woody Allen com Colin Firth, Emma Stone, Hamish Linklater, Jackie Weaver, Simon McBurney e Eileen Atkins. ☻☻
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