Ed e Annette: encontro de gigantes.
Não é todo dia que tenho a chance de ver um filme com dois dos meus atores favoritos. Os veteranos Ed Harris e Annette Bening já chegaram numa fase da carreira em que não precisam provar mais nada para ninguém. Ambos têm quatro indicações ao Oscar, mas nenhuma estatueta na estante, o que só serve para dizer como Hollywood tem uma lógica um tanto perturbadora. Os dois fazem o que poderia ser um drama romântico mediano ser um programa de respeito nesse Uma Nova Chance Para Amar do diretor Arie Posin (que antes dirigiu somente o interessante Más Companhias/2005). Houve quem comparasse o longa com (mais denso) Sob a Areia de François Ozon, mas ele segue por um caminho diferente, já que o dilema da protagonista é outro. Nikki Lostrom (Bening) era casada e feliz com Garret (Ed Harris), até que ele morre afogado nas férias que desfrutavam no litoral mexicano. Cinco anos depois, Nikki ainda tem que lidar com a ausência dele, quando conhece um homem idêntico ao falecido. Ele se chama Tom (o mesmo Harris), é professor de História da Arte numa faculdade e apresenta charme suficiente para que Nikki fique um tanto confusa por não perder a oportunidade de conviver mais uma vez com a imagem de Garret. Ao longo do filme, Posin aponta para várias possibilidades da história (teria Garret fingido o afogamento? Seria uma alucinação de Nikki? Tom teria alguma ligação com Garret?), mas investe num tom certeiro de romance, valorizado por dois atores maduros que sabem exatamente o que estão fazendo com seus personagens. ainda que o roteiro escolha ser limitado a um dilema específico, Annette faz mais do que o necessário para tornar sua personagem bastante crível, ciente, desde o início dos problemas que terá ao se envolver com o sósia de seu marido (sem que conte para ele que ele é a imagem e semelhança do falecido), tornando o conflito interno da personagem bastante palpável. Ed Harris também dispensa comentários, criando um sujeito disposto a segurar o que parece ser sua última chance de felicidade na vida, além de ter sua figura masculina cultuada por uma câmera que o transforma quase um fetiche aos olhos de Nikki. Obviamente que a inevitável hora da verdade sera adiada durante a narrativa, mas, diante de toda a a eficiência da narrativa, em determinado momento comecei a ficar preocupado em como o filme lidaria com esse momento e o seu desfecho, já que armou para si uma verdadeira camisa de força. Se contar estraga, mas posso dizer que Posin chega bem perto de tornar seu filme um grande acerto graças a escolha de seu casal protagonista. Com sucesso modesto nos cinemas (o filme foi lançado por aqui somente depois da morte de Robin Williams que faz um papel pequeno sem muito brilho), ele ainda merece ser descoberto.
Uma Nova Chance para Amar (The Face of Love/EUA-2013) de Arie Posin com Annette Bening, Ed Harris, Robin Williams, Amy Brenneman e Jess Weixler. ☻☻☻
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