sábado, 23 de junho de 2018

Na Tela: Gringo

David, Charlize e Joel: comédia truncada. 

Com estrelas badaladas no elenco, Gringo - Vivo ou Morto (alguém poderia me explicar este título?) era um dos filmes mais aguardados do ano, mas decepcionou com críticas medianas e uma bilheteria modesta. Sorte que o filme não é um desastre e até funciona se for visto como uma comédia despretensiosa, mas que erra ao querer dar um passo maior que a perna - e se atrapalha pelo meio do caminho. Assim que o filme começa, Harold (David Oyelowo)  liga desesperado para o amigo chefe Richard (Joel Edgerton), ele comunica que foi sequestrado no México e será libertado mediante o pagamento de cinco milhões de dólares. Logo o roteiro retrocede e descobrimos como isto foi acontecer.  Logo descobrimos que existe algo de muito estranho na empresa em que ele trabalha, - e boa parte desta estranheza vem do comportamento de Richard e sua amante, Elaine (Charlize Theron). A desconfiança piora quando o trio vai para o México e entre conversas de portas fechadas e diálogos em código, Harold tem a certeza de que está prestes a se dar mal, muito mal - e para piorar, ele cria um plano que sai pela culatra. Entre traficantes, um casal de namorados que cruzam o caminho do protagonista o tempo todo (Harry Treadaway e Amanda Seyfried - que devia estar precisando muito do dinheiro para aceitar um papel tão inexpressivo), gerentes de hotel oportunistas, a esposa de Harold (Thandie Newton) e o irmão de Richard (Sharlto Copley), o foco recai sobre a resolução do sequestro de Harold sem a ajuda da polícia. A ideia é resolvida de forma completamente descompromissada, numa espécie de comédia de erros que deixa várias pontas soltas pelo meio do caminho. A melhor parte fica por conta de Harold, que defendido com o talento de Oyelowo se torna bastante convincente como o bom sujeito que tentou ser esperto e acabou numa sucessão de acontecimentos que lhe saem do controle. O problema está na dificuldade do roteiro lidar com os acontecimentos envolvendo os personagens de Edgerton, Thandie e, especialmente Charlize. Os três ficam perdidos na história, sendo Charlize a maior prejudicada. Sua personagem cheia de pose pode até garantir algum charme na história, mas o roteiro não faz a mínima ideia do que fazer com ela - tanto que existem várias cenas que levam a personagem do nada a lugar algum (exemplos são a cena da carta, o jantar com o empresário, o encontro no apartamento de  Richard e a lista segue...). Assinado por Nash Edgerton (irmão do Joel), que faz aqui o seu segundo longa, o filme evidencia sua falta de habilidade em lidar com uma trama cheia de personagens e subtramas, sorte que o filme tem energia, humor e um bom elenco para manter o interesse na confusão que se anuncia desde o segundo ato. Pena que tão logo o filme termina, você lembra de vários pontos que deveriam ser mais trabalhados ao longo das quase duas horas de projeção.  

Gringo: Vivo ou Morto (Gringo / EUA - Austrália) de Nash Edgerton com David Oyelowo, Joel Edgerton, Charlize Theron, Amanda Seyfried e Thandie Newton. ☻☻

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