sexta-feira, 15 de junho de 2018

CICLO DIVERSIDADESXL: Jonathan

Pai e filho: catarse sempre adiada. 

Jonathan (Jannis Niewöhner) passou os últimos anos se dividindo entre o trabalho na fazenda da família e os cuidados com o pai, que atravessa estado avançado de um câncer de pele que já se espalha pelo cérebro. Por conta do avanço da doença, Burghardt (André Hennicke) não vê muito sentido em continuar vivo e o fato dele não manter um bom relacionamento com a irmã (Barbara Auer) piora ainda mais seus dias. Burghardt também se incomoda quando o filho lhe pergunta sobre o acidente que levou a sua esposa á morte, na verdade, sempre que aparece alguma questão relacionada ao passado da família, o patriarca se esquiva de qualquer explicação ou resposta elaborada. Pelo menos, diante da situação, a chegada de uma enfermeira (Julia Koschitz) para ajudar a cuidar do enfermo, trará um pouco mais de alegria para Jonathan, que irá aos poucos se aproximar dela e viver um tórrido romance. Metade da duração do filme é sobre o jovem personagem tentando lidar com o peso das responsabilidades que a vida lhe reservou tão cedo, além da inquietação sobre as histórias que sua família evita lhe contar, em sua outra metade, o filme revela o que havia de tão secreto na história de Burghardt, principalmente com a presença cada vez maior de Ron (Thomas Sarbacher), um velho amigo de Burghardt que aparece após muito tempo para ficar ao lado do amigo que está definhando dia após dia. A presença de Ron incomoda alguns personagens, mas deixa Burghaudt mais animado, ao ponto de se tornar insustentáveis as histórias que sempre contou para o filho  - que não irá demorar para perceber que existe algo mais entre o pai e o amigo cada vez mais carinhoso. Jonathan é um filme a que se assiste sem dificuldade e consegue misturar melodrama e erotismo com uma desenvoltura invejável, porém, tem uma dificuldade enorme para lidar com os segredos que habitam a família de Jonathan. O filme demora muito para abordar o impacto da verdade naquele universo e, quando o faz, se apressa para lidar com os dilemas dos personagens. O filme tenta não representar Burghaudt como um vilão, mas patina quando tem que abordar as escolhas diante da atração que os dois amigos sentiam um pelo outro, a responsabilidade com o casamento e a paternidade, assim como a decisão de silenciar seus sentimentos por tanto tempo. Embora tenha um material rico em mãos, além de um elenco bastante dedicado, o diretor Piotr J. Lewandowski também se esquiva da história em torno da família de Jonathan. Assim, o filme toca em algumas questões apenas superficialmente (preconceito, mentiras, segredos, vergonha, culpa...) e adia a catarse de Burghaudt até o último momento. O desenvolvimento deste drama familiar poderia ser ainda mais intenso e interessante, mas prefere não tornar ainda mais densa a relação entre seus personagens. 

Jonathan (Alemanha-2016) de Piotr J. Lewandowski com Jannis Niewöhner, André Hennicke, Julia Koschitz, Barbara Auer e Max Mauff. ☻☻☻

Nenhum comentário:

Postar um comentário