Einar e Gunnar: reencontros em ritmo de terror.
Não é comum vermos filmes de terror protagonizados por personagens gays, talvez por medo de serem classificados como homofóbicos exista o receio de investir nesta ideia. Como também não é comum termos filmes islandeses passando por aqui, Rift se torna uma dupla surpresa. O filme conta a história do estranho reencontro entre Gunnar (Björn Stefánsson) e Einar (Sigurður Þór Óskarsson). Os dois terminaram o relacionamento há algum tempo e Gunnar segue sua vida com um novo parceiro na capital Reykjavik). Em uma noite, Gunnar recebe a ligação de Einar e entende que é um pedido de ajuda. Ele vai ao seu encontro numa casa afastada mantida pelos pais do ex-parceiro e, ciente de seus problemas emocionais, tenta convencer o rapaz a voltar para a cidade. No entanto, até convencê-lo algo mais do que ressentimentos começam a vir à tona. Partindo desta ideia simples, o roteiro e a direção de Erlingur Thorodsen conseguem materializar de forma contundente temas bastante abstratos como medo, solidão, isolamento e até o passado dos seus personagens. É curioso como a distância da cidade transmite uma ideia de liberdade, para aos poucos se tornar em algo assustador, já que os dois sempre tem a sensação de que estão sendo observados. Escutam passos fora da casa, sombras nas janelas e a porta, que sempre teima a ficar aberta, se torna um problema ainda maior - também não ajuda o fato de Einar sofrer de sonambulismo. Com ajuda das belas paisagens de seu país, o filme se desenvolve de forma lenta e angustiante, sempre embalando as cenas com alguns detalhes sobre seus personagens, que oferece a tudo que há de estranho no filme um sentido ainda mais amplo (amigos imaginários, pessoas à beira da estrada, aplicativos de encontros, vizinhos estranhos, o fetiche de Gunnar pelo perigo....) O resultado é parecido com assistir duas pessoas discutindo a relação num filme de serial-killer (só quem sem serial-killer). Com atmosfera de suspense bem construída e envolvente, Rift entra no grupo de filmes seletos que criam suspense com base nas neuras de um relacionamento e surpreender por escolher caminhos nada óbvios em seu desenvolvimento, deixando várias indagações para o espectador após o fim da sessão.
Rift (Rökkur / Islândia - 2017) de Erlingur Thorodsen com Björn Stefánsson, Sigurður Þór Óskarsson e Guðmundur Ólafsson. ☻☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário