Olsen e Plaza: a vida é uma selfie.
Indicado aos prêmios de melhor filme de estreia e melhor roteiro no Independent Spirit deste ano, Ingrid Vai Para o Oeste é uma grande surpresa. Primeiro por falar de assuntos sérios quando se faz de comediota. Outro fator surpresa é a atuação de Aubrey Plaza, que comprova ter cansado de fazer sempre a mesma personagem entediada em comédias americanas. Aqui, parece que o diretor Matt Spicer se apropria do histórico da atriz para dar-lhe uma personagem bem mais complexa e, o melhor, Aubrey cumpre a tarefa com louvor! Aubrey interpreta a personagem do título, uma mulher completamente dependente do celular, não... ela é completamente dependente das redes sociais mesmo. Por conta disso ela acabou tendo problemas com a justiça, sendo internada numa instituição psiquiátrica e recebendo uma ordem de restrição com relação a uma garota a qual era seguidora. Ingrid não tem emprego (e nem precisa, já que com a morte de sua mãe ela recebeu uma boa indenização), não tem namorado e não tem uma vida fora das redes. Quando ela recebe alta da tal instituição ela fica numa espécie de limbo, até encontrar outra garota badalada para seguir. A nova eleita ela conhece numa revista e se chama Taylor Sloane (Elizabeth Olsen em um papel bem mais leve que de costume), fotógrafa, moradora da Califórnia e que se tornou especialista em transparecer uma vida de sonho nas fotos que na internet. Tudo que Taylor faz é super descolado! Tudo que ela frequenta é o melhor! O melhor restaurante! A melhor loja! A melhor livraria! O melhor pet! O melhor! Não demora para Ingrid ir morar na Califórnia e seguir os passos de seu novo modelo de comportamento e até criar uma situação para se aproximar de Taylor e o namorado, o artista Ezra (Wyatt Russell). São nestes momentos que percebemos que Ingrid não é uma garota má, mas tem uma mente distorcida ao ponto de não perceber o quanto a amizade está bem longe de ser o que acontece entre ela e o casal. Ela faz de tudo para agradar os dois e, quanto mais se aproxima, mais se torna perigosa a relação que se estabelece. Neste ponto dois personagens ganham espaço na trama, um é o senhorio de Ingrid, Dan (o bom O'Shea Jackson Jr. que torna a e a obsessão pelos filmes do Batman um dos pontos mais divertidos do filme) e o insuportável irmão de Taylor, Nicky (Billy Magnussen (que ainda é meu ator favorito para viver Adam Warlock nos filmes da Marvel), que serão importantes numa mudança brusca na vida de Ingrid. No roteiro esperto (premiado em Sundance), a protagonista irá aprender da pior forma que a vida apresentada nas redes sociais está bem longe de ser a real - assim como as versões que as pessoas apresentam ali são bem diferente da realidade. Equilibrando drama e comédia, Ingrid vai para o Oeste radicaliza no desfecho a ambivalência das redes sociais, que pode render leituras bem diferentes aos mais céticos e aos otimistas, mas que traz uma satisfação catártica à protagonista. Ingrid Vai Para o Oeste faz rir, mas também assusta ao nos fazer lembrar como algumas pessoas se tornam cada vez mais dependentes da popularidade virtual - mas é a atuação de Aubrey Plaza que revela o quanto pode haver de solidão em cada foto postada ou curtida.
Ingrid Vai Para o Oeste (Ingrid Goes West/EUA-2017) de Matt Spicer com Aubrey Plaza, Elizabeth Olsen, Wyatt Russell, O'Shea Jackson Jr., Billy Magnussen e Pom Klementieff. ☻☻☻☻
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