Hamm: um filme para chamar de seu.
Ganhador de dois Globos de Ouro (pela primeira e última temporada da magnífica série Mad Men) e um Emmy (pela última temporada da cultuada série), Jon Hamm tenta um lugar no cinema há dezoito anos. Embora seja um rosto conhecido e com papéis de coadjuvante em vários filmes (sempre bem defendidos), fazia tempo que o ator precisava de um papel de protagonista para que se convencessem de vez que ele pode carregar um filme nas costas. Esta chance veio com Beirute, longa que sofreu críticas por não ter sido filmado na cidade título e não ter atores locais em seu elenco. Tirando isto, Beirute recebeu resenhas positivas e destacou de vez o talento do eterno Don Drapper no cinema, no entanto, o filme recebe lançamento no Brasil somente pela Netflix e merece atenção. O filme é dirigido por Brad Anderson (que já dirigiu o ótimo O Operário/2004 mas já derrapou em bobagens feito Chamada de Emergência/2013) que aqui está em sua melhor forma ao dar vida ao roteiro de Tony Gilroy (famoso pela trilogia Bourne). Hamm vive o diplomata americano Mason Skiles, que viveu na capital do Líbano nos anos 1970 e não guarda boas lembranças. Renomado em sua profissão, ele vivia com a esposa (Leïla Bekhti) e estava prestes a adotar uma criança libanesa quando uma verdadeira tragédia se abateu sobre ele. Desde aquele dia sua vida perdeu o rumo. Entregue á bebida, treze anos se passaram para que a CIA o procurasse e pedisse ajuda nas negociações de resgate de um velho conhecido. A partir dali, Mason coloca sua vida em risco, mas tem a chance de superar alguns desastres pessoais que nunca conseguiu digerir muito bem. Misturando suspense, ação e um pouco de drama familiar, o roteiro de Gilroy é bem amarrado e Brad Anderson consegue apresentar a imagem destruída da cidade nos anos 1980 como uma metáfora perfeita para o seu protagonista despedaçado. Entre marcas de bombas, tiros e explosões, o filme consegue construir grande tensão também através dos diálogos espertos, que dão a chance de Hamm demonstrar sua habilidade perante as oscilações do personagem que tem em mãos. Existe uma certa analogia entre a vida do personagem e as intervenções americanas no Líbano, mas não precisa entender as truncadas relações entre os dois países para compreender a história (basta ver as últimas cenas, após a bandeira trêmula que você entenderá). Com ótima fotografia (que consegue emanar o clima quente da região), ótima atuação de Hamm e narrativa envolvente, eu só senti falta daquela cena do abraço que é sempre adiado... Vale lembrar que o elenco também conta com a inglesa Rosamund Pike (indicada ao Oscar por Garota Exemplar/2014) num papel bastante discreto.
Beirute (Beirut / EUA - 2018) de Brad Anderson com Jon Hamm, Rosamund Pike, Mark Pellegrino, Douglas Hodges, Leïla Bekhti e Ben Affan. ☻☻☻☻
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