Elliott: personagem que se confunde com o ator.
Sam Elliott atua desde 1967 e, no início da carreira, seu estilo caia como uma luva para faroestes. Com sua voz grave e bigode robusto, ele participou de quase uma centena de filmes (de vários gêneros) ao longo da carreira. Com 73 anos de idade e casado com Katherine Ross desde 1984, Elliott deixa a carreira seguir num ritmo seguro faz tempo. Ano passado, um novo filme fez com que olhassem para o ator de um jeito diferente, o cogitaram para prêmios, mas acabou ficando só na intenção mesmo - não que seu trabalho em O Herói não mereça lembrança, pelo contrário, o papel ajuda a pensar que o ator ainda tem disposição para carregar um filme nas costas com grande desenvoltura. Elliott interpreta Lee Hayden, astro de faroestes que ficou famoso por um filme e um programa de TV há tempos. O auge da fama já passou, restando ganhar dinheiro emprestando o vozeirão para propagandas e dublagens. Ele não tem muitos amigos, para falar a verdade ele tem somente Jeremy (Nick Offerman), que era um garoto quando estrelou a tal série com ele e agora os dois se encontram de vez em quando para jogar conversa fora. Lee também tem uma filha (Krysten Ritter) com quem quase não conversa, mas que sente necessidade de ajeitar as coisas pelo que parece ter sido um relacionamento conturbado. Pela variedade de drogas que Lee utiliza no filme, dá para imaginar que sua carreira foi marcada por excessos, mas agora lhe resta o fantasma de um câncer de cresce aos poucos em seu pâncreas e que coloca sua vida sob nova perspectiva. O roteiro assinado por Marc Basch e Brett Haley (que assina a direção do filme) capricha na melancolia ao acompanhar este cowboy aposentado, que não sabe muito bem o rumo que precisa seguir. Elliott está muito bem em cena, dando traços ambíguos para o personagem, que se por um lado tem medo da morte, de outro, não tem certeza se vale a pena continuar. Não que isto seja expresso com palavras, mas o roteiro deixa algumas provocações que faz com que Lee considere que seu tempo já passou (seja por conta de uma festa para celebrar o seu passado ou drogas que servem apenas para esquecer o que aflige), com narrativa serena em contraste com alguns delírios do personagem, o filme não tem nada demais, mas pode agradar quem procura um filme simples sobre um homem maduro em crise prestes a aprender que sempre é hora de recomeçar.
O Herói (The Hero/EUA-2017) de Brett Haley com Sam Elliott, Nick Offerman, Krysten Ritter, Laura Prepon e Katharine Ross. ☻☻☻
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