Ana: experiência assustadora que virou filme.
Elogiado pela crítica e sucesso em festivais de cinema independente, A Ilha Mais Bonita foi realizado com um baixíssimo orçamento (tanto que concorreu no Independent Spirit deste ano ao prêmio John Cassavetes, destinado a filmes que custaram menos de 500 mil dólares) mas tem engenhosidade suficiente para deixar o espectador com os nervos à flor da pele. Produzido, escrito, dirigido e estrelado pela espanhola Ana Asensio o filme mistura algumas de suas experiências pessoais como um retrato assustador do cotidiano de imigrantes que foram tentar a sorte em Nova York (o próprio nome do filmes remete à alusão deste lugar idílico que só existe nos sonhos). A artista já tinha conquistado algum reconhecimento em sua terra natal quando resolveu tentar a carreira nos Estados Unidos, mas encontrou mais dificuldades do que sucesso. Suas experiências serviram de inspiração para contar a história de Luciana (vivida pela própria Ana Asensio). A melancólica Luciana saiu da Espanha por conta de problemas pessoais e não cogita voltar. Fugindo do passado, ela prefere a solidão e a indiferença da Big Apple, mesmo que dependa de bicos como cuidar de duas crianças insuportáveis ou distribuir folhetos fantasiada de galinha nas ruas. Quando tenta relaxar na banheira, uma surpresa desagradável ameaça atrapalhar sua experiência, mas a reação da personagem já demonstra o que está por vir. Luciana precisa de dinheiro para se manter e aceita a indicação de uma amiga, Olga (Natasha Romanov), que a encaminha apenas para uma festa e receber um cachê maior do que ela receberia em meses de trabalho (dois mil dólares somente por aparecer e um pouco mais se tiver sorte). Obviamente que Luciana desconfia, mas a conhecida garante que não precisa fazer nada que não queira... é assim que a personagem irá vivenciar a noite mais assustadora de sua vida. Não vale explicar muito o que acontece para não estragar a surpresa, mas vale destacar que além do bom trabalho como atriz, Ana também é uma cineasta de mão cheia. Atenta aos detalhes, ela sabe trabalhar a expressão dos atores de forma sutil, para que revelem somente o necessário. Discípula de David Lynch, ela sabe como utilizar o silêncio, a trilha sonora esquisita e a fotografia sombria para aumentar a angústia da plateia, além disso sabe o momento exato de revelar os segredos de sua história. Com poucos recursos em mãos, A Ilha Mais Bonita consegue ser realmente assustador, sem investir em sustos fáceis ou recursos manjados, a cineasta/atriz, investe mesmo é na nossa identificação com a personagem rumo ao perigo desconhecido. Entre incertezas e inquietações o filme se desenvolve de forma surpreendente e termina redondinho em uma estreia realmente promissora atrás das câmeras. Ao estimular a imaginação do público, o filme consegue ser realmente sombrio e se torna uma grata surpresa.
A Ilha Mais Bonita (Most Beautiful Island/EUA-2017) com Ana Asensio, Natasha Romanova, Nicholas Tutti, Anna Myrtha e Larry Fessenden.
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