sábado, 16 de junho de 2018

CICLO DIVERSIDADESXL: Meu Nome é Ray

Elle, Naomi e Susan: talentos desperdiçados. 

Elle Fanning completa vinte e um anos em 2019, mas já tem currículo de veterana. Com dezessete anos de carreira (sim, ela começou a atuar aos três anos de idade, fazendo a versão mais nova de sua irmã, Dakota, em Uma Lição de Amor/2001), ela já trabalhou com diretores renomados como Sofia Coppola, JJ Abrams, Nicolas Winding Refn e John Cameron Mitchell. Mantendo o ritmo de quatro filmes por ano, Elle é uma das atrizes mais requisitadas de Hollywood. Agora, imagine colocar a atriz no papel de um transexual, acompanhada de duas atrizes do cacife de Susan Sarandon e Naomi Watts e você terá um projeto bastante promissor. Enquanto era filmado, Meu Nome é Ray era um dos filmes mais aguardados de 2015, todos estavam de olho no filme da inglesa Gaby Dellal, mas bastou o filme ser exibido para que todo mundo o esquecesse automaticamente. A decepção aconteceu quando perceberam que o protagonismo da história não é de Ray (Elle Fanning), mas de sua mãe, Maggie (Naomi Watts), que por conta dos procedimentos para a mudança de sexo da filha terá que passar a limpo alguns detalhes de seu passado. Maggie trabalha como ilustradora e ainda mora com a mãe, Dolly (Susan Sarandon), uma lésbica bem resolvida que mora há décadas com Frances (Linda Emond). Dolly ainda tem um pouco de dificuldade em lidar com as inseguranças da filha e também não entende muito bem a transexualidade de Ray, no entanto, as três personagens dividem várias cenas que geralmente descambam para um humor que nem sempre funciona. O maior problema da história é que nenhuma das personagens são bem desenvolvidas, sendo apenas esboços de pessoas que poderiam ser reais. O roteiro gasta tempo demais abordando a necessidade de fazer o pai de Ray assinar os papéis para ajustar o corpo feminino de Ray para sua mente de menino. Essa transição poderia ser o grande trunfo do filme, mas o roteiro da diretora e da parceira Nikole Beckwith encontram uma grande dificuldade em tornar Ray em um personagem interessante. Para trabalhar a identidade do personagem o filme opta por registros documentais da vida do personagem, que servem apenas para torná-lo ainda mais distante do andamento da trama. A abordagem da transexualidade aparece sempre superficialmente, usando meia-dúzia de frases manjadas e abudando do número de vezes com que os personagens ficam se corrigindo em torno do gênero de Ray. Elle Fanning se esforça em cena, torna a voz mais grave, tem um trabalho gestual para se tornar mais masculina e fica mal humorada o filme quase inteiro... mas a garota não consegue fazer milagre com um roteiro tão simplista. Ray poderia tornar o filme uma obra muito mais interessante,  mas o roteiro prefere dar mais atenção às trapalhadas amorosas de sua mãe. Meu Nome é Ray perde a oportunidade de trabalhar um tema bastante atual com um ótimo elenco feminino, alcançando um resultado apenas mediano. 

Meu Nome é Ray (3 Generations / EUA - 2015) de Gaby Dellal, com Naomi Watts, Elle Fanning, Susan Sarandon, Linda Emond, Tate Donovan e Sam Trammell. ☻☻

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