Gad, Chadwick e Brown: história de um ícone.
Thurgood Marshall foi um nome importante na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Ativista da NAACP (tranduzindo - Associação Nacional para Avanço das Pessoas de Cor) e que mais tarde se tornou o primeiro negro a ser ministro da Suprema Corte dos EUA (cargo que assumiu em 1967 e deixado somente em 1991 por problemas de saúde), já era hora deste histórico personagem ser lembrado. Antes de assumir o cargo, Thurgood levou 32 casos até a Suprema Corte, dos quais conquistou 29 vitórias, graças ao seu trabalho as universidades foram obrigadas a aceitar alunos negros, os partidos políticos foram proibidos de realizar as "primárias brancas", além de conseguir derrubar cláusulas segregativas em transações como, por exemplo, compra de imóveis. Com uma história tão vasta e interessante, torna-se curioso que os roteiristas Michael e Jakob Koskoff tenham escolhido um caso pouco conhecido do advogado para embasar este filme - mas logo percebemos o interesse da dupla, já que neste caso, Marshall foi proibido de se pronunciar no tribunal, agindo apenas como assistente do advogado principal, o jovem judeu Sam Friedman. Trata-se do caso de estupro de Eleanor Strubing, que acusa o agressor de ainda tentar matá-la, a atirando de uma ponte. A denúncia é contra um dos empregados de sua casa, Joseph Spell (vivido por Sterling K. Brown, famoso pela série This is Us), que desde o primeiro momento afirma nunca ter realizado aquele ato hediondo. A situação ocorreu no início da década de 1940 e ao longo do filme, vários elementos da tensão racial em Connecticut aparecem no longa. Conduzido numa narrativa de tribunal convencional pelo diretor Reginald Hudlin (indicado ao Oscar como produtor do sucesso Django Livre/2012 de Tarantino), que teve a sorte de convencer Chadwick Boseman de encarnar o famoso advogado. O ator de Pantera Negra (2017) havia recusado o papel por não ter o mesmo "tom de pele" que o personagem na vida real, mas Hudlin tinha certeza que o ator tinha talento para fazer público e crítica não lembrarem deste detalhe. Boseman funciona muito bem como o advogado determinado e astuto que junta as peças do caso que envolve racismo e relacionamento abusivo. Boseman é um dos trunfos do filme, mas seria covardia esquecer os demais atores da produção, já que o ator faz uma ótima dupla com Josh Gad, responsável por dar vida à Sam Friedman. Nem vou citar o talento de Sterling K. Brown e o de Kate Hudson, que dão conta de uma situação complicada complicada na tela. Além das atuações dedicadas, roteiro bem lapidado e valorizado pelo cuidado com a reconstituição de época, fotografia e trilha sonora, o que compensam seu formato convencional (que muitos consideram semelhante ao de um telefime). Sem encontrar espaço nos cinemas brasileiros, o filme merece atenção do público, nem que seja para ver que seu astro fôlego para ser mais do que um super-herói dos quadrinhos, mas um de carne e osso também.
Marshall - Justiça e Igualdade (Marshall/EUA - 2017) de Reginald Hudlin com Chadwick Boseman, Josh Gad, Sterling K. Brown, Kate Hudson, Dan Stevens, James Cromwell e John Magaro. ☻☻☻☻
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