Dolores (Evan Rachel Wood): heroína sanguinária
Westworld foi uma das séries mais faladas lançadas em 2016. Desenvolvida por Jonathan Nolan (irmão do Christopher) e Lisa Joy (da meiga Pushing Daisies, acredite...) a série foi a maior aposta da HBO daquele ano. Logo a audiência percebeu que a série queria mais do que contar uma história que misturava ficção científica com faroeste, além das reflexões sobre o homem brincar de Deus e a relação entre criador e criatura, a série ainda tinha como marca caprichar na plasticidade das cenas futuristas, além de nudez e violência. A grande surpresa da série veio no último episódio, onde o espectador se dava conta que na verdade acompanhava aquela história em linhas temporais diferentes - isto pouco antes do caos total se anunciar. Diante das ambições da segunda temporada, a produção contou com doze meses de produção, deixando sua segunda temporada para 2018. Terminada ontem, ela mostrou-se um verdadeiro exercício de paciência para quem acompanhou dez episódios ainda mais ambiciosos e rebuscados. Quero deixar claro que considero a premissa e as ideias da série geniais (baseado no filme de mesmo nome dirigido por Michael Crichton em 1973, que recebeu uma continuação três anos depois chamada Futureword da qual ninguém lembra), mas o seu desenvolvimento sofreu em 2018 com os maneirismos narrativos de Nolan. É compreensível que ele queira ampliar aquele mundo tão cheio de possibilidades, mas durante a maioria dos episódios, o que se viu foram cenas que não acrescentaram muita coisa para o desenrolar da trama, apenas complicaram mais ainda a história na mente do espectador. As ambientações orientais e de safári não mudaram em nada a espinha dorsal da segunda temporada, que passou maior parte do tempo mostrando Dolores (Evan Rachel Wood, desperdiçada com sua personagem tocando uma nota só) e seus seguidores matando todo mundo que viam pela frente – seja anfitrião ou visitante. Mesmo a saga de Maeve (Thandie Newton) se tornou uma trama tão rocambolesca que já nem tinha mais energia ao chegar no último episódio. Com a mania de complicar qualquer subtrama que aparece no caminho, foi exaustivo acompanhar os diálogos truncados e a matança (um tanto sem sentido) que se alastrou pelos episódios.
Maeve (Thandie Newton): busca inglória.
É verdade que havia um segredo que se revelou sem o punch do primeiro ano, já que todo mundo estava preocupado em entender os diversos “tempos” que a história de Bernard (Jeffrey Wright) se ramificou - e que precisou de noventa minutos para desembaraçar o nó que havia feito (e criou uma solução um tanto atrapalhada com o novo corpo de Dolores, algo que era para ser surpreendente e se tornou quase risível). A primeira temporada já proporcionava muito para desenvolver, mas esta veio com novos elementos que deixaram muito do que era esperado para mais tarde. A cada episódio novos personagens apareciam, novas subtramas eram desenhadas e o emaranhado se tornava mais denso em Westworld. O resultado foi tão cansativo que era difícil manter os olhos abertos. Infelizmente alguns dos conflitos mais interessantes receberem desenvolvimento aquém do esperado (como a relação entre o bom moço Teddy e Dolores, que recebeu pouco destaque na história para terminar numa cena bem sucinta), porém, deixou a sensação de que a história foi esticada ao infinito - e corre o risco de se complicar como tantas outras séries que investiam no mistério de suas histórias e depois decepcionaram. Mas qual é o mistério de Westworld a esta altura? Aparentemente nenhum que pareça fundamental para entender a história, mas os episódios já demonstraram que a graça é menos a trama e mais a forma de contar a história. A narrativa é entrecortada, caótica, cheia de digressões, desvios, flashbacks e tudo mais para disfarçar a dificuldade de aprofundar a relação entre a humanidade e seus sentimentos mais obscuros - e, os anfitriões, enquanto imagem e semelhança, seguem pelo mesmo caminho. Espero que a próxima temporada seja melhor - mas podem deixar a abertura como está, em sua versão 2.0, ela ficou uma beleza, melhor do que 70% desta temporada
Bernard (Jeffrey Wright): exercício de paciência.
Westworld - 2ª Temporada (EUA-2018) de Jonathan Nolan e Lisa Joy com Evan Rachel Wood, Jeffrey Right, Thandie Newton, Rodrigo Santoro, Anthony Hopkins, Tessa Thompson, Ed Harris e James Marsden. ☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário