Charlize: uma hora até que tudo melhore.
Desde que foi lançada em 2012 a graphic novel "The Coldest City" era alvo de especulações sobre uma versão para a telona. Quando Charlize Theron entrou no projeto, as coisas começaram a caminhar. A atriz está em alta desde que estrelou Mad Max - Estrada da Fúria (2015) e protagonizar um filme de ação solo era um passo inevitável para sua carreira. Com direção de David Leitch (do primeiro John Wick/2014), Atômica fez sucesso nas bilheterias, mas se nos quadrinhos a história da espiã britânica (em meio à uma conspiração de agentes duplos junto à queda do muro de Berlim) funciona, na telona a coisa é bem mais irregular. É difícil explicar o motivo, mas em sua primeira hora nada faz muito sentido, sendo um amontoado de cenas soltas e momentos de pancadaria que não empolgam. Sobram cena estilizadas, com iluminação neon e trilha sonora com hits dos anos 1980 (Depeche Mode, New Order, George Michael... a lista segue), mas nada faz sentido em torno de Charlize (magra feito um espeto) fazendo caras e bocas ao invés de construir uma personalidade para sua personagem. O que se sabe é que ela tem que trabalhar com David Percival (James McAvoy) enquanto tenta desvendar a morte de um agente. Ela é perseguida, soca uns caras, descobre umas coisas e é perseguida, aí ela soca uns caras e descobre outras coisas. Lá pelo meio do caminho ela conhece uma espiã francesa (a argelina Sofia Boutella) e revela um pouco mais da sexualidade da personagem. Depois da primeira hora confusa, Atômica subitamente ganha forma e se torna um filme de verdade. A mudança acontece quando ela precisa salvar um agente, Spyglass (Eddie Marsan) e tudo está destinado a dar errado, já que lá no início você já sabe quem é o traidor da história. Ainda assi, o filme muda da água para o vinho: as lutas se tornam empolgantes, a trama começa a ganhar forma e a pancadaria se torna mais crua conforme a trama faz sentido. A impressão é que havia roteiro para somente uma hora de filme, mas precisaram esticar para duas. Na segunda hora a direção de Leitch se torna mais segura, o trabalho do elenco também se torna mais interessante e até as sonolentas cenas em que a personagem participa de uma auditoria se tornam melhores. Atômica é um raro caso de filme que empolga justamente quando a maioria dos filmes costuma perder o ritmo,. Demora para engrenar, tem um fiapo de roteiro e torna-se tão estilizado que sua afetação beira o insuportável. Sorte que sua segunda hora opera uma espécie de milagre e você nem liga de ter dormido durante a primeira hora de exibição.
Atômica (Atomic Blonde/EUA-Alemanha-Suécia/2017) de David Leitch com Charlize Theron, James McAvoy, Toby Jones, John Goodman, Sofia Boutella, Eddie Marsan, Sam Hargrave, Bill Skarsgård e Til Schweiger. ☻☻
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