Peço desculpas por não ter postado esta segunda parte conforme prometi no mês de novembro, a postagem acabou ficando inacabada até esta semana e precisei até fazer algumas reformulações já que alguns candidatos da Netflix ao Oscar já foram comentados por aqui - sim, Tick Tick Boom e Identidade possuem chances reais de cravar indicações junto à Academia. Outro que também estreou por aqui e está cada vez mais forte é Duna, que deve transcender as categorias técnicas. Mas nem tudo é festa, três estrelas oscarizadas que ambicionavam ser indicadas novamente, Jennifer Hudson (Respect), Sandra Bullock (Imperdoável) e Halle Berry (Ferida) devem ficar de fora dos prêmios de melhor atriz neste ano por conta de seus filmes bastante criticados, além de Wes Anderson também, já que seu aguardado A Crônica Francesa não emplacou. Abaixo seguem dez filmes que continuam na corrida por uma estatueta dourada:
"Amor Sublime Amor" de Steven Spielberg
Nenhum filme carrega a assinatura de Spielberg impunemente. O filme acabou de estrear nos cinemas brasileiros e já carrega elogios de sua estreia americana bem a tempo de conquistar votantes para o Oscar - o que não é pouco para o cultuado musical oscarizado em 1961. Respeitando o material original o filme consegue dar uma atualizada na questão da imigração nas terras do Tio Sam enquanto conta (cheio de energia e estilo) o romance proibido de seus protagonistas. A refilmagem está Cotada para melhor filme, diretor, fotografia, montagem, figurino, atriz (para a novata Rachel Zegler), atriz coadjuvante (Ariana DeBose) e o que mais você possa imaginar...
"Being the Ricardos" de Aaron Sorkin
O carro chefe da Amazon para a temporada de prêmios é este longa sobre uma semana nos bastidores do sucesso televisivo I Love Lucy. Embora a crítica não tenha morrido de amores pelo filme, Nicole Kidman segue bastante elogiada por seu trabalho como Lucille Ball e permanece cotada para mais uma indicação ao prêmio de melhor atriz. No elenco ainda estão Javier Bardem e JK Simmons. Embora Sorkin seja bastante querido pela Academia, o filme está mais cotado para categorias técnicas.
"C'mon C'mon" de Mike Mills
Gosto muito dos filmes de Mike Mills, mas a academia costuma lembrar dele somente na categoria de roteiro original - e com este aqui não deve ser diferente. O longa é bastante terno ao contar a amizade entre um tio (Joaquin Phoenix) e seu sobrinho (Woody Norman) de forma bastante terna dentro dos parâmetros únicos que já são a marca do cinema de Mills. Elogiadíssimo em sua estreia recente nos cinemas americanos, o filme também pode garantir uma nova indicação para Joaquin e para a fotografia em preto e branco.
"Cyrano" de Joe Wright
Não seria o máximo ver o talento de Peter Dinklage reconhecido no Oscar? Ele pode entrar no páreo de melhor ator por esta nova versão do clássico Cyrano de Bergerac (que na verdade é a versão musical vista nos palcos em 2018 com texto de Erica Schmidt inspirado no texto de Edmond Rostand de 1897). Dinklage reprisa o papel que viveu nos palcos, vivendo o protagonista que se apaixona e tenta fazer a bela Roxanne (Haley Bennett) se apaixonar por ele, sem que ela descubra a verdadeira aparência dele. A direção é de Joe Wright e o filme também pode aparecer em categorias técnicas.
"Madres Paralelas" de Pedro Almodóvar
Fora do páreo de melhor filme estrangeiro (e abrindo ainda mais espaço para o favoritismo do japonês Drive my Car e do norueguês The Worse Person in the World), o novo filme do prestigiado diretor espanhol pode aparecer em outras categorias com sua história de duas mães solo com diferentes posturas diante da maternidade. Há quem aposte que Penélope Cruz irá cravar sua segunda indicação ao Oscar de melhor atriz por este que é considerado o melhor trabalho de sua carreira. O filme também está cotado para o Oscar de roteiro original.
"Não Olhe Para Cima" de Adam McKay
Se seus dois últimos filmes de sua carreira transformaram McKay em um dos queridinhos da Academia, ele agora testa sua popularidade esgarçando o tom de chacota nesta comédia ácida sobre um meteoro que está prestes a colidir com a Terra. Com o objetivo de diminuir os efeitos da catástrofe, dois cientistas (Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence) resolvem alertar a humanidade sobre o perigo que se aproxima... Dividindo a crítica, o filme brinca com todos os clichês do gênero e ainda flerta com temas da atualidade como negacionismo, fake news e política. A Netflix o tinha como sua principal estreia do ano, mas... será que convence os votantes do Oscar?
"The Humans" de Stephen Karan
Uma produção independente que deve aparecer entre os indicados é esta adaptação da peça do próprio Karan (que estreia na direção em cinema) que compõe um drama comovente e cheio de mistério em apenas um ato. O filme narra o encontro de uma família em um único cenário. Entre conversas e diferenças a trama se vai se revelando algo bem mais complexo do queum bate-papo. O elenco é composto por Beanie Feldstein, Amy Schumer, Steven Yeun, June Squibb, Jayne Houdyshell e Richard Jenkins - que é cotado como ator coadjuvante favorito da temporada desde que o longa foi exibido no Festival de Toronto.
"The Tender Bar" de George Clooney
Cotado primeiramente para render a Ben Affleck a primeira indicação a um Oscar de interpretação, o novo filme de George Clooney perdeu força nesta reta final ao ser um filme sobre amadurecimento numa temporada em que Licorice Pizza tomou este posto na corrida pelas premiações. O filme pode ficar de fora da categoria principal, mas pode aparecer em outras - entre elas, roteiro adaptado e até cravar uma vaguinha para Affleck por seu trabalho como o tio do escritor JR Moehringer (vivido por Tye Sheridan) nesta adaptação de suas memórias para o cinema.
"No Ritmo do Coração" de Sian Heder
Lançado on demand no Brasil no mês de setembro, o filme é uma adaptação do filme francês A Família Bélier e conta a história de Ruby (Emilia Jones) uma adolescente de 17 anos que é a única ouvinte em uma família de surdos. Amante da música, quando uma crise financeira se instaura na família, ela precisa tomar a decisão mais importante de sua vida. Aparecendo em listas de fim de ano e premiações independentes, o longa pode ganhar fôlego para chegar ao Oscar, especialmente pelo trabalho do ator Troy Kotsur que emerge como um dos coadjuvantes favoritos da temporada. O filme conta ainda com a veterana Marlee Matlin a única atriz surda a ganhar um Oscar (melhor atriz por sua estreia em Os Filhos do Silêncio/1986). Um prato cheio para o Oscar que ambiciona ser mais inclusivo.
"Os Olhos de Tammy Faye" de Michael Showalter
Jessica Chastain é uma das atrizes mais prestigiadas do cinema americano, mas faz algum tempo que o Oscar ignora seus trabalhos, talvez está dívida conte pontos a seu favor para que a Academia esqueça as críticas sofridas por esta biopic da controversa líder evangélica Tammy Faye (Chastain) e seu esposo Jim Bakker (Andrew Garfield). O filme gira em torno da ascensão, queda e redenção da personagem que ficou famosa por um verdadeiro escândalo nos Estados Unidos. Apesar do roteiro patinar em assuntos delicados, Jessica prova mais uma vez seu talento debaixo de pesada caracterização (que deve indicado o filme ao Oscar de maquiagem e penteados).