Blunt e McGregor: amor por um ideal (surreal).
Fazia tempo que o diretor sueco Lasse Hallström não fazia um filme tão correto e tão fácil de gostar. Muita gente se surpreendeu quando Amor Impossível (péssimo título em português) recebeu indicações aos prêmios de melhor comédia no Globo de Ouro de 2013, assim como melhor ator (Ewan McGregor) e atriz (Emily Blunt) de comédia. Com boa vontade o filme pode até ser visto como uma comédia de costumes, mas é evidente que o filme tende mais para o drama, ainda que partindo de um ponto inusitado: a criação do salmão no Iemen. Sei também que os fãs mais antigos do diretor (que sentem saudades dos tempos em que conseguia ser comovente como poucos em tramas aparentemente triviais como Minha Vida de Cachorro/1985 e Gilbert Grape/1993) não irão considerar o filme um retorno aos bons tempos, mas devem concordar que o longa é mais interessante que seu trabalho anterior (Querido John/2010). Apesar dos toques inusitados que o argumento reserva, o filme é bastante simples e sua narrativa também, mas é auxiliada por um ótimo quarteto de atores - além dos protagonistas celebrados, o filme conta com uma inspirada Kristin Scott Thomas e o egípcio Amr Waked na pele do xeque visionário que quer implantar a criação de Salmão em sua comunidade. A trama baseada no livro de Paul Torday parte do encontro da advogada Harrier (Blunt) que representa o xeque na Inglaterra e Alfred Jones (McGregor), uma autoridade na criação de peixes no Reino Unido. Ele é sondado por ela para auxiliar o xeque a implementar a pesca do Salmão em sua terra natal, mas desde o início ele deixa claro que o projeto beira o impossível e para dar resultado seria algo caro demais. Para dar corpo à vida amorosa do casal envolvido no projeto, ela tem um namoro com um soldado (Tom Mison) que vai para o Afeganistão e Alfred tem um casamento preso às formalidades. O filme é conduzido em tom leve e fácil de acompanhar, mas penso o que um diretor mais ácido teria feito com os toques políticos da trama. É verdade que existe algumas gracinhas alfinetadas por Kristin Scott Thomas na pele da assessora de imprensa do primeiro ministro que vê no projeto uma fonte inesgotável de boa publicidade para a escaldada relação entre os dois países envolvidos. Quem leu diz que o livro tinha parte de sua graça na burocratização dessas relações, na troca de e-mails, ofícios e memorandos, que aqui até aparece em alguns poucos momentos, mas tanto Hallström quando o roteirista (o premiado Simon Beaufoy de Quem quer ser um Milionário/2008) não querem fazer um novo In The Loop (2009), mas construir um filminho redondinho, bem feitinho e sem maiores polêmicas. Houve quem gostasse do clima bucólico da sessão, mas houve quem percebesse que apesar dos esforços de Blunt e McGregor o romance de ambos é um pouco forçado - e o título em português só ressalta isso. Na verdade o amor sugerido pelo roteiro é mais pelos idealistas do que pelo afeto modesto de Alfred por Harriet.
Amor Impossível (Salmon Fishing in the Iemen/Reino Unido-2011) de Lasse Hallström com Ewan McGregor, Emily Blunt, Amr Waked, Kristin Scott Thomas, Tom Mison e Rachael Stirling. ☻☻☻
Amor Impossível (Salmon Fishing in the Iemen/Reino Unido-2011) de Lasse Hallström com Ewan McGregor, Emily Blunt, Amr Waked, Kristin Scott Thomas, Tom Mison e Rachael Stirling. ☻☻☻
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