Polley (ao centro): arrastão zumbi em shopping center?
Aproveitando a chegada do Superman de Zack Snyder não custa nada lembrar do primeiro filme que o rapaz dirigiu. Estou falando de Madrugada dos Mortos, que somente no instante que resolvi escrever esse post me dei conta de que faz nove anos que foi lançado! De lá para cá, Snyder já dirigiu outros cinco filmes, o que serve para atestar que os estúdios e o público percebem méritos na sua forma de fazer cinema. Já em sua estreia Snyder padecia do que lhe serviria de rótulo até hoje (ser eficiente em levar para telas ideias de outras pessoas, seja HQs, livros ou remakes), uma vez que Madrugada dos Mortos é uma ideia original de George A. Romero que iniciou na década de 1960 sua famosa trilogia dos mortos (o clássico absoluto A noite dos Mortos-Vivos/1968, O despertar dos mortos (1978) e O dia dos mortos/1981) e não teria rendido essa refilmagem se Danny Boyle não houvesse utilizado sua prosa seca para o sucesso de Extermínio (2002). O estúdio precisava de alguém capaz de dar uma modernizada na trama e buscou no campo publicitário alguém que fosse capaz de remodelar uma ideia conhecida ao gosto da geração que cresceu com o ritmo de games e clipes, não por acaso o filme tem boa parte de seu tempo dedicado a um grupo de pessoas num shopping cercado de zumbis! No início existe até uma certa crítica social presente nessa ideia, com alfinetada no consumismo, na defesa da propriedade, o "ser e o ter" e blábláblá, mas depois tudo isso fica de lado para as cenas de ação. O filme começa com Ana (Sarah Polley), uma enfermeira que depois de uma noite de amor com seu esposo é atacada pela filha que parece estar com alguma doença misteriosa. Seu marido logo é infectado e ela precisa fugir, ao sair de casa ela percebe que uma espécie de praga zumbi inexplicável infectou os vizinhos. Ela acaba conhecendo outras pessoas que não foram contaminadas (papéis de Ving Rhames, Mekhi Phiffer e Inna Korobkina) e todos buscam refúgio em um shopping que se encontra no alto de uma colina. Lá encontram alguns seguranças autoritários (o mais bonzinho é vivido por Kevin Zegers) que atrapalham a convivência do grupo. O filme até investe em alguns dilemas morais entre os personagens, como a tentativa de salvar os que se infectam pelo caminho ou um vizinho a mercê dos zumbis, mas investe pesado mesmo é na sanguinolência e no visual de um bando desesperado de zumbis com fome de entranhas humanas. Com enquadramentos elaborados, algum senso de humor e suspense, Snyder transformou o filme num sucesso que ajudou a criar toda uma nova safra de filmes de mortos-vivos feitos sobre medida para uma geração que adora correria. Os fãs desse tipo de filme não tem do que reclamar, mas sinto que o filme perde parte do seu ritmo lá pela metade da sessão e demora para recuperá-lo. Seja como for, a bilheteria robusta garantiu um certo status ao seu diretor e ainda rende elogios pela estética que consegue imprimir em seus filmes inspirados em universos alheios.
Madrugada dos Mortos (Dawn of The Dead/EUA-2004) de Zack Snyder com Sarah Polley, Ving Rahames, Jake Weber e Kevin Zegers ☻
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