Martin e Viktor: mais do mesmo?
Em primeiro lugar esse filme não tem nenhuma relação com aquele best seller de anos atrás chamado A Cabana. Dito isso, ainda que façam sucesso perante a crítica, filmes como A Cabana começam a me chatear um bocado, uma vez que, infelizmente, o que acaba salvando o filme é uma surpresa que se tornou gasta no início do século XXI. O diretor Hans Weingartner até que consegue fazer um cinema engajado sem parecer óbvio - como podemos conferir em seu maior sucesso (o anterior Edukators/2004 com Daniel Brühl, que chegou a concorrer à Palma de Ouro em Cannes), mas aqui ele arrasta o filme até não poder mais até o ponto em que propõe uma guinada para prender a atenção da plateia. O problema é aguentar o segundo ato até a narrativa chegar onde deve. O início é bastante promissor quando conhecemos Martin (Peter Schneider) deixando uma instituição psiquiátrica. O rapaz era considerado um matemático promissor, talentoso e com um futuro genial até que surta de uma hora para outra. É louvável como o diretor retrata o estigma que cai sobre o rapaz quando ele resolve construir sua vida. Apesar de viver um momento estável, com acompanhamento psiquiátrico e medicamentos cumpridos a risca, David precisa lidar com os preconceitos para ser aceito como o profissional competente de outrora. Sua ruína começa quando não consegue o seu emprego de volta e as contas começam a acumular. Não é preciso ser um gênio para perceber que uma crise se anuncia. Paralelo a isso conhecemos Viktor (Timur Massold), um menino que depois que a mãe morreu de overdose está prestes a conhecer David quando ambos virarem sem teto. Mas as ruas são perigosas demais para os dois - que ganham o sustento juntando e vendendo lixo para a reciclagem - assim, acabam indo morar num bosque, na tal cabana do título. As coisas começam a mudar quando os dois amigos conhecem Lena (Eleonoire Weisgerber), com quem David planeja ir para Portugal e viver junto a um grupo de pessoas que vivem em cabanas numa espécie de protesto ao consumismo e senso de propriedade próprio do sistema capitalista. Parece que eu contei demais, desculpe, mas o filme para mim começa mesmo nesse ponto, quando Viktor desaparece e David tem suas atitudes dignas de suspeita. Essa parte da narrativa serve para mostrar que nem tudo era o que parecia até ali. Apesar da competência do diretor em conduzir essa parte do filme, não existe muitas novidade em seu desfecho, talvez apenas o fato de ser mais triste do que a maioria dos outros que armam essa surpresa desde que um certo filme fez sucesso em 1999 (o qual não posso nem mencionar para não estragar a graça do filme). O mais engraçado é que o filme tem mais relação com o diretor do que parece, já que Hans estudou Neurociência na Universidade de Viena e trabalhou no departamento neurocirúrgico do hospital universitário Charité, em Berlim. Depois ele mudou radicalmente e foi fazer pós-graduação em cinema. Esse filme parece uma homenagem à outra carreira do diretor.
A Cabana (Hier Unten/Alemanha-2011) de Hans Weingartner com Peter Schneider, Timur Massold, Eleonoire Weisgerber. ☻☻
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