Liev e Naomi: torturando psicologicamente o filho único.
Em tempos de crise, Hollywood resolveu anabolizar roteiros questionáveis com elencos chamativos, foi assim com As Idas e Vindas do Amor (2010), Noite de Ano Novo (2011), O Que Esperar Quando se Está Esperando (2012) e este Para Maiores (2012). Mais uma vez o título em português merecia um processo por propaganda enganosa, afinal é difícil entender porque consideraram que somente os maiores querem ver e achar graça das histórias que compõem o filme - histórias que parecem escritas por adolescentes babões. A ideia poderia ser até interessante, se os roteiristas não resolvessem desperdiçar a chance de levar às últimas consequências a ideia de um longa que não tivesse censura. O que une os filminhos que compõem o longa é uma trama mal construída sobre adolescentes que procuram filmes proibidos na internet. Não vou nem perder o meu tempo com o trio de adolescentes que são responsáveis por essa parte, já que todos eles não são dignos de atenção, mas posso dizer que os dois melhores momentos são as duas primeiras historinhas. Afinal de contas, não é todo dia que podemos ver Kate Winslet e Hugh Jackman bancando o par romântico. Quando assisti ao filminho, percebi nitidamente a assinatura dos irmãos Farrelly na história da mulher bonita e inteligente que irá se encontrar com um bom partido e descobre que ele tem uma anomalia genética - que colocou os testículos no lugar do pomo de Adão. Parece um pedaço de um filme que não convenceu produtores para os caras que já fizeram O Amor é Cego (2001) e Quem Vai Ficar com Mary (1998), mas o pedaço que vemos consegue ter um resultado eficiente mais pelo fato de somente Winslet perceber o que está pendurado no pescoço de Jackman do que pelas nojeiras do caminho. Parece um episódio de Além da Imaginação se o programa fosse cômico. O melhor da sessão é mesmo o de Naomi Watts ao lado de seu esposo Liev Schreiber defendendo a educação domiciliar do filho. A dupla não apenas zela pelo nível intelectual do rebento como também percebem o quanto a convivência com os colegas ajudam a forjar o caráter de um aluno. Sendo assim, encarnam os colegas do filho, sem pudores: praticam bullying, o rejeitam em festinhas, paqueram o rebento (os dois) entre outras coisas que conseguem levar ao limite uma crítica tanto a quem acredita que educar no lar é uma saída viável quanto aos pais que se recusam a crescer. O filminho consegue ser engraçado e incomodar - o que eu acho ótimo. Depois o filme vira uma baixaria geral com Ipod em formato de mulher nua, um casal que precisa lidar com um estranho fetiche, um trio de homens que parecem que nunca ter visto uma garota menstruar, super-heróis em namoricos, uma dupla torturadora de personagens de conto de fadas (com o duende mais boca suja da história), um casal que eleva os joguinhos de submissão a outro nível, um gato tarado pelo dono e culmina no filme proibido do treinador negro que precisa fazer o time negro acreditar que pode jogar basquete melhor que um time de brancos. Irregular como a maioria dos filmes de episódios, o filme desperdiça a chance de fazer um humor incômodo para juntar cenas que já vimos em várias outras comédias escatológicas ao longos dos anos. Sendo pouco original e não muito engraçado (ou até provocador) em sua duração, Para Maiores não cumpre o seu papel.
Para Maiores (Movie 43/EUA-2012) de Elizabeth Banks, Peter & Bob Farrelly e outros com Kate Winslet, Hugh Jackman, Naomi Watts, Liev Schreiber, Halle Berry, Terrence Howard, Richard Gere, Kate Bosworth, Chloe Grace Moretz e Christopher Mintz-Plasse. ☻
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